Made in USA
A gente lê nesses livros que poucos lêem... E que “poucos” são esses? Os poucos que aprenderam a ler; que tiveram a sorte de concluir um curso de inglês e com isso adquirir alguma noção da língua inglesa, já que tais publicações nem sempre estão disponíveis em nossa língua; e que puderam enxergar um pouco mais além do que lhes é transmitido pelo noticiário na TV, nos jornais ou nos filmes produzidos nos Estados Unidos (US ou United States). Enfim, a gente chega a ler coisas do tipo:
“Enquanto foi possível, a ameaça soviética (Soviet threat) esteve ressaltada como justificativa para as ações dos US destinadas a garantir o seu domínio sobre o petróleo do Oriente Médio (Middle East). O pretexto nunca foi de muita credibilidade, mas em 1990 teve que ser inteiramente abandonado, enquanto a política no setor continuou como antes” (1).
De fato, a partir de 1990, com o declínio da União Soviética no cenário político mundial, que alguns apressaram-se em detectar como o fim da Guerra Fria (Cold War), os US tiveram que arranjar novos motivos para persistir com seus empreendimentos político-militares de liderança mundial (world leadership) orientados para o domínio de cada canto do planeta.
Se olharmos direitinho, veremos que quando ainda usávamos calças curtas (agora nem mesmo os meninos as usam, ou mudou pra bermudas, o que não é a mesma coisa), íamos assistir aos bang-bangs e víamos os peles-vermelhas, que nos eram apresentados como facínoras, serem massacrados ou ficávamos com a impressão de que eram imbecis porque nunca acabavam ganhando. Depois foram os mexicanos ou correlatos, com os seus bigodinhos finos e seus chapéus ridículos, parecendo o apêndice de um paraquedas. Também sempre perdedores. Em seguida tivemos os japoneses, que morriam de forma cômica, como se fossem soldadinhos de borracha (pra quê que eles foram fazer aquilo em Pearl Harbor?). Agora temos os árabes, que ensejam filmes nominados para o Oscar, com direito a prêmio entregue pela Primeira Dama. Tudo isso para nos convencer de que os inimigos deles são também os nossos.
E há, como sempre haverá, aqueles que acreditam.
(1)"Deterring Democracy", Noam Chomsky, pp. 56
Rio, 07/03/2013