LOCOMOTIVA INTERIOR
Tomei uma decisão.
Hoje acordei orientada à mudança. Quero mudar. Ponto.
Transformações estão a caminho e a alma se engrandece frente à perspectiva de novos hábitos, novos direcionamentos. O coração finalmente se infla de esperança e ensaia um pulsar mais tranquilo, ritmado, saudável, como deve ser.
O fato é que, quando o corpo dá sinais de que a vida está prestes a descarrilar, não há nada mais sensato do que parar e refletir sobre os caminhos trilhados até então. E é exatamente isso que estou fazendo agora, neste preciso instante: redefinindo a rota e o ritmo do meu trem pessoal - questionando-me se a direção está correta e se todos os mecanismos estão funcionando como deveriam. Afinal, a locomotiva não pode falhar, caso contrário, toda a composição fica sem rumo.
Eu diria que o ponto crucial da referida mudança é seguir amando profundamente - e verdadeiramente o faço, de coração - o que escolhi como profissão. Tudo isso com disciplina, limites claros e respeito. O trabalho é prazeroso e fundamental, no entanto representa apenas uma parte do combustível que alimenta nossa locomotiva íntima. O que nos move vai muito, mas muito além de todo esse mecanismo.
Organizemos os horários, sejamos eficientes e sempre chegaremos aos nossos destinos sem grandes problemas. Acredite, certas coisas podem esperar.
Decidi que não quero ser uma locomotiva a vapor, cuja pressão a faz apitar e soltar fumaça por onde passa... Quero ser elétrica, veloz e cheia de energia para cumprir a rota que for. Para chegar onde quer que seja. Para descobrir que não há limites quando há foco, direção e força.
Também farei todas as paradas obrigatórias de manutenção antes que as peças sejam danificadas de vez. A saúde é o cerne da nossa capacidade de transformar, ultrapassar barreiras, seguir em frente. Ela é o motor das nossas locomotivas. Sem saúde, nunca será suficiente ter o mais moderno maquinário: este sequer conseguirá sair do lugar.
Farei tudo aquilo que deixe minha alma plena. Lazer, poesia, música, família, amigos, sonhos. Tudo isso é combustível para mantermo-nos sempre nos trilhos.
Oriente a sua locomotiva interior antes que ela se perca no caminho e você se dê conta de que tudo o que possui é um enorme trem para carregar.
Dê sentido a essa carga acumulada ao longo da vida: ela logo passará a se chamar felicidade.