Viagens e leituras ou releituras
Quase sempre que retorno de alguma viagem mais significativa, leio alguma obra direta ou indiretamente relacionada com lugar, evento de que participei ou, ainda, pessoas. Para citar apenas dois casos, um do passado recente e outro do presente, foi assim que reli “O pequeno príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, e estou relendo “Iracema”, de José Alencar.
A releitura de “O pequeno príncipe” deveu-se a uma pessoa que conheci no Aeroporto Internacional de Confins, Minas Gerais, ao regressar de viagem a Belo Horizonte, em maio de 2012; a de “Iracema” foi por causa da viagem a Fortaleza, Estado do Ceará, em maio de 2013, em companhia da Câmelha, minha mulher. E, por causa de “Iracema”, hei de escrever uma ou mais crônicas. O título de um delas, aliás, já escolhi, será “As areias nuas do mar”, expressão tomada do belíssimo romance alencariano.
Faz dois ou três dias, conversando pelo Facebook com Vicente Amador (Vicente Carneiro da Silva), muito amigo e meu ex-professor de Português, que mora em Fortaleza, disse a ele estar relendo “Iracema”. Muito culto e amante da boa literatura, não poderia ser outra a sua reação. Exclamou: “Valeu, camarada! ‘Iracema’ é poesia da boa em prosa!”. E é verdade, “Iracema” é poesia inebriante sem versos, em prosa.
Vicente é uma das muitas amizades que levarei por toda a vida. É licenciado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará e foi meu professor de Português, em 1993, quando eu cursava em Xinguara, Estado do Pará, meu segundo curso médio, o curso técnico de Contabilidade, nascendo daí nossa especial relação de amizade. Ele dizia, aliás, que nem tinha o que me ensinar e que eu sabia Português tanto quanto ele. Bondade dele, é claro.
Por falar nisso, registro o que, também à época, dizia o professor de Contabilidade, Dr. Antônio Sebastião Arenhart, que será sempre outro grande amigo. Dr. Antônio disse à frente da classe que eu sabia mais que o professor e não precisaria estar ali. Um dia desses – 31 de março de 2012, para ser exato –, encontrando-o em Xinguara, juntamente com dona Eloá, mulher dele, ouviria, na presença de Wagner Spindola de Ataíde, Grão-mestre Adjunto da Grande Loja Maçônica do Pará, a repetição do mesmo elogio. São amigos de verdade que me admiram e me estimam, com os quais a vida, bondosamente, me presenteou.
Bom, embora tenha dito acima que citaria apenas duas leituras decorrentes de viagem, vou propositadamente me contradizer e citar mais uma: foi ainda influenciado pela viagem a Belo Horizonte que li “O retorno do jovem príncipe”, de A. G. Roemmers, leitura que recomendo. É isso. Por hoje, é só isso. Ah, sei lá, talvez não!... Encerro com a última frase de “Iracema”, frase-parágrafo, bem ao gosto alencariano posta: “Tudo passa sobre a terra.”