Parábola do tanque de roupa

E tenho dito:

— Tanque de roupa é terapia sim!

Elixir revigorante para distúrbios do ócio,

negócio para exercitar bíceps e tríceps.

A barriga fica fresca e molhada no verão,

esfregando o calção do filho ou o próprio.

O suprassumo das domésticas não é droga!

Deveria estar em voga entre as madames,

seres de infartos e derrames imaginários,

mas homens abastados não devem se privar.

Passar férias na Alemanha?

Nada disso.

A solução está ali,

no divã desfaz enguiço.

De pedra, mármore ou plástico

tanto faz, o design é fantástico

e as benesses, imediatas.

Lava bem as gravatas

e também o seu terno, afinal,

és ou não homem moderno?

Mas a modernidade não quer saber de tanque,

há quem banque empregada, lavanderia.

Mas saiba, se bancar,

o tratamento vai por água abaixo.

— Acho melhor yoga, pilates...

Não tem problema,

maltrate o bolso, vale a pena.

Tudo é muito devagar,

requer esforço e tal.

— Acho melhor voltar

(para junto do tanque ancestral)

E o tanque (velho de guerra)

agradece a preferência.

Sem contra indicação, censura 12 anos,

livra insanos de girar discos ao contrário

para ouvir mensagens ocultas, do demo.

— Gente, assim não... por telefone!

— Até chamada em conferência nós temos, certo?

— Certo.

— Glória?

— Glória.

Ela sim é que era mulher de verdade.

Batia um bolão no tanque, só vendo.

Entendo agora o motivo da adoração.

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 29/03/2007
Reeditado em 16/07/2021
Código do texto: T429582
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