UM REI ABUSADO
UM REI ABUSADO
“Os pensamentos se tornam fortes pela repetição. Cada vez que se faz um; em sequência a outro da mesma natureza, há um acréscimo de intensidade à realização. Se você repetir que não prejudica a ninguém, tem plena atividade, é capaz de se sair bem nas provas, não teme trabalhar, quer servir a coletividade e se entende com qualquer um, essas afirmações se concretizarão.” (Lourival Lopes).
Andar com um belo semblante, de cabeça firme, deixando o orgulho de lado, mostrando notadamente a sua simplicidade, mantendo passos firmes, com altivez e sem denotar arrogância, essa é a figura de um homem dedicado, trabalhador, sem grande aspecto censurável, sem jamais se separar da ética, pois a sinonímia mais perfeita para a qualificação de um cidadão de bem e de um homem público é essa.
O orgulho muitas vezes pode deixar o homem antipático, mesmo se tratando de uma celebridade. Muitas pessoas denotadamente astros, quando em público, mostram uma fisionomia que não reflete a realidade da sua vida. Alguns cantores, atores, atrizes, autoridades políticas exacerbam desse mal imantado em seu ser, e mudam a diretriz e, o azimute desnorteado vai atingir determinadas pessoas de outras maneiras.
Estamos nos referindo a um cantor de sucesso e conhecido como o rei da música popular brasileira, Roberto Carlos. O que ele guarda no coração e a sua atitude perante o público, talvez não reflita a veracidade de sua vida particular. Pela terceira vez, o cantor tenta impedir a circulação de um livro no qual é citado, numa demonstração de autoritarismo e desprezo pela liberdade de expressão. Um homem que se diz religioso, fervoroso católico e devoto de Maria mãe de Jesus, tem agido de maneira estranha com pessoas que querem mostrar a sua vida sem denegrir a sua imagem. Ele tem que mostrar que está na direção certa que o sucesso alcançado e o que ganhou não dependeram somente dele. Deus ajuda a quem madruga. O bom Espírito humano deve colaborar com as pessoas que estão querendo mostrar trabalhos. O cantor já é conhecido como “Mão de Tesoura” em editoras e entre biógrafos. O apelido faz jus ao seu notório comportamento antidemocrático quando alguém ousa publicar uma obra que aborde sua trajetória.
O rei da censura totalmente desconectado esquece que, na era da internet, é impossível bloquear a informação. A biografia dele feita por Paulo Cesar Araújo pode ser baixada e lida no computador. O rei do iê-iê-iê como ficou conhecido é o título do livro da pesquisadora que aborda o impacto da jovem guarda no comportamento e no estilo dos brasileiros. Roberto Carlos alega que um PL (393/2011) está sendo discutido no Congresso Nacional para modificar a legislação e garantir que a liberdade de expressão não seja violada.
Aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça neste mês de maio, a proposta abre exceção para casos em que a trajetória pessoal, artística ou profissional da pessoa em questão tenha dimensão pública ou haja interesse da sociedade em sua divulgação. Se o projeto de lei já tivesse sido aprovado Roberto Carlos estaria com as mãos atadas e essa proibição não aconteceria. (Fonte: Revista “Isto É” de 01/05/2013 de nº. 2267). Os livros vetados são: “O rei e eu”, de seu ex-mordomo Nicholas Mariano em 2007, “a biografia de Roberto Carlos em Detalhes”, do historiador Paulo César de Araujo; e agora “Jovem Guarda: Moda, Música e Juventude”, de Maíra Zimmermann.
Nem seus companheiros do tempo da jovem guarda quiseram comentar o polêmico assunto. Esse último é um trabalho de pesquisa para uma dissertação de doutorado em história pela Universidade de Campinas, estado de São Paulo. Alguns cantores do tempo da jovem guarda ficaram felizes por ver suas histórias contadas com todo carinho e amor pela universitária da Unicamp. A diretora da editora Estação, Káthia Castilho, se espantou com a notificação, e espera que seja um equívoco e que o cantor volte atrás. Será? Será que o cantor Roberto Carlos tem um rei na barriga? Quem sabe! O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) diz: “Quem parte para uma proibição desse tipo, cerceia dois direitos fundamentais e garantidos na Constituição: o direito à informação e a liberdade de expressão.” Esse cara é ele, Roberto Carlos, salienta o político. (Grifo nosso).
A autora ainda foi acusada de falar sobre a intimidade de Roberto Carlos, ela desmente, afirmando que nunca se debruçou sobre a vida pessoal dele, limitando-se ao interesse profissional e ao impacto da jovem guarda, não só no comportamento, como na maneira de vestir de uma geração de brasileiros. Roberto alega que se baseia no art. 20 do Código Civil de 2002, que impede a publicação de textos sem a autorização do biografado, entre outras formas de proteção de imagens de pessoas.
Enquanto, Roberto Carlos briga para a não publicação de um trabalho de dissertação de doutorado em história, milhões de discos são copiados e vendidos nas ruas e avenidas das grandes cidades e, no interland como cópias que no dizer dos vendedores ambulantes é “pirata”. Todo mundo sabe que pirataria é crime, e como tem gente cometendo crime nesse país, nas barbas das autoridades que nada fazem. Nesse caso o artista perde o valor de seus “Direitos Autorais”. A Pirataria de discos e CDs já está inclusa no comércio informal.
Moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. A moralidade a despeito das mudanças que se operam no mundo, a bem dizer em todos os sentidos, o valor intelectual e o valor moral se reclamam e completam, pouco importa que muita gente não se preocupe com problemas desta ordem. Já o orgulho é a pedra de toque para o conhecimento dos homens. O orgulho é o terrível adversário da humanidade, a fonte de todos os vossos males. É o sentimento da própria grandeza real, existente no íntimo de cada ser, mais transbordado ou desviado do seu verdadeiro curso. É a revelação da atitude que cumpre à criatura alcançar e que só alcançará pela humildade. Esse homem orgulhoso sou eu... Roberto Carlos. Pense nisso!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI- DA ACE- DA UBT- DA AVSPE- DO PORTAL CEN- DA AOUVIRCE E DA ALOMERCE.