SIM, TAMBÉM SOU UM ASSISTENTE SOCIAL!
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Depois de ser chamado para compor a mesa pelo deputado Sinésio Campos, na homenagem antecipada ao Dia do Assistente Social, prestada no último dia 14, no Auditório da ALE, Amazonas, proposta em conjunto pelo também deputado Luiz Castro, ouvi atentamente todos os pronunciamentos, protestos, reivindicações, críticas e também assisti, vi, e ouvi um interessante vídeo afirmando: “SIM, SOU ASSISTENTE SOCIAL”, e tecendo várias críticas. Não me vi no vídeo, mas parei para pensar...
Enquanto o vídeo era mostrado e narrado a todos, com a platéia cheia de profissionais homenageados, em minha cabeça fervilhava um monte de pensamentos, ideias, revoltas e cheguei a conclusão que eu também sou um Assistente Social, mas talvez seja um pouco diferente dos outros:
1. Era um assistente social propositivo, como todos deveriam ser também; mas também crítico e analítico das principais questões sociais. Mas, hoje aposentado por invalidez pouco ou quase nada posso fazer a não ser escrever para que minhas ideias e pensamentos possam causar transformação em outras pessoas;
2. Sinto-me um assistente social impotente porque, mesmo escrevendo e os canais de televisão do Brasil falando e mostrando diariamente a geração de jovens viciados que só deseja a chance de receber tratamento em hospital público, ou compulsoriamente pela Justiça, o Estado parece que está apático e insensível ao problema e, por isso, não implanta hospitais e contrata equipes profissionais para enfrentar o problema e reverter esse quadro de miséria humana e degradação social que destrói famílias inteiras e não só o viciado.
3. Também sou um assistente social impotente porque famílias continuam sendo massacradas em busca de fichas para atendimento pelo SUS, nas Escolas e em creches que quase não existem nos pequenos municípios etc...
Mas acho também que sou um assistente social comprometido com a profissão porque durante doze anos, exerci a direção do SEST/SENAT, com o apoio do presidente da Instituição, Adm. Francisco Saldanha Bezerra, apresentei projetos propositivos e, com apoio de órgãos públicos estadual e municipal e ajudei a realizar ação prática de mudanças em jovens que estavam vivendo em total vulnerabilidade social até 17 anos, envolvendo viciados, traficantes, homicidas e menores que se drogavam nas ruas, cheirando cola de sapateiro, fumando pedras de crack na faixa etária de menos de 13 anos. Desses, com educação, elevação de escolaridade, esportes, ensino profissionalizante e palestras, consegui recuperar uma grande maioria. (A CIDADANIA COMO FATOR DE RESGATE SOCIAL in carloscostajornalismo.blogspot.com)
Mas me sinto um pouco derrotado também porque percebo as lentas mudanças em todo o processo de mudança social de combate à miséria que persiste e resiste entre famílias que continuam catando restos no lixo para comer e matar a fome de seus familiares, embora o Governo Federal sempre divulgue ao contrário. E, também porque o capital historicamente é perverso demais e só deseja o lucro rápido e fácil, mesmo à custa da miséria de muitos, como ocorre hoje na Zona Franca de Manaus.
E o pior de tudo: sinto-me triste e feliz ao mesmo tempo porque todas as mudanças sociais que ocorreram no Brasil desde a Constituição de 1988, não foram só resultado de vontade política de governantes, mas resultado da constante mobilização social tendo à frente sempre um profissional da área.
Triste por ter a certeza da baixa remuneração, falta de campo de trabalho e de concursos públicos para Assistentes Sociais para prosseguir as mudanças sociais e, ainda mais triste, por ter tido o conhecimento que psicólogos continuam atuando como se assistentes sociais fossem.
Apesar de tudo, me declaro: Sim, também sou um Assistente Social!