A Taça de Cristal

Em um reino muito distante havia um rei muito justo e cheio de sabedoria, ele governava seu reino com muita honra e sensatez, seus súditos o adoravam sempre que saia em desfile o aclamavam pois tinham uma excelente vida graças ao seu governo de paz e justiça.

Esse rei gostava muito de colecionar antiguidades e tinha uma sala em seu palácio repleta de todo tipo de coisas, quadros, esculturas, moedas exibidas em cristaleiras de vidro, muitos ornamentos em prata, ouro e bronze, eram muitos presentes que recebera em seus mais de trinta anos de reinado.

Seus empregados eram muito queridos por ele e por sua família, ele tinha duas filhas e um filho já adultos belos jovens, dentre os empregados havia uma senhora de mais de secenta anos que servira sua família durante toda uma vida, vivendo no palácio desde a época de seus pais antigos e falecidos reis.

Essa senhora ajudara na criação de seus filhos e os estimava como se fossem seus, ela era viúva e nunca tivera filhos, más dedicava cada minuto de sua vida a servir aquela família com todo amor e dedicação.

Eis que o rei um certo dia resolveu dar uma grande festa por ocasião do noivado de uma de suas filhas, e nessa festa como era costume convidara muitas pessoas importantes, e dentre os convidados um casal que naquela noite ele iria dar-lhes o titulo de condes em honra a seus pais velhos amigos que anteriormente lhe haviam apresentado documentos que comprovavam suas nobrezas, e estes lhe presentearam com uma caixa onde haviam objetos do mais puro cristal, peças muito antigas e de beleza e valor inestimáveis onde podia-se notar o brasão da família dos propostos condes.

Tanto que o rei muito feliz mandou que fosse chamado o carpinteiro do reino e pediu que construísse uma estante, e que essa estante tivesse todo seu corpo revestido com vidros, para poder apreciar o presente de todos os ângulos.

Quando terminou pediu aos empregados que colocassem os cristais com todo cuidado, bem distribuídos dentro da estante, e confiou a velha senhora de sua confiança a limpeza dos cristais, assim como ela fazia quase que diariamente com os demais objetos depositados naquela enorme sala.

Ela ficou muito preocupada pois já tinha certa idade e suas mãos já não eram as mesmas da juventude, agora por muitas vezes tonavam-se tremulas, más ela não queria magoar seu querido amigo que durante toda uma vida tanta confiança lhe depositara.

Um certo dia de manhã ela levantou-se cedo e sentiu um certa tontura e quase cambaleou, más manteve-se em pé e se encaminhou para cozinha para tomar seu café da manhã, a cozinheira do palácio notou que ela não estava bem e prontamente lhe disse, acho melhor você ficar na cama hoje você não esta bem, más ela muito teimosa disse a cozinheira que se tratava apenas de uma indisposição e logo passaria, então se encaminhou para o salão das antiguidades para dar inicio aos seus trabalhos.

Limpou e poliu muitos objetos durante muito tempo, e chegou a cristaleira para limpar os cristais, más enquanto limpava uma taça suas mãos começaram a tremer e eis que lhe escorrega das mãos e cai ao chão e se parte em pedaços. Aquele som ecoou em seus ouvidos como se fosse de um canhão, e naquele instante pareceu que o chão tinha saída debaixo de seus pés, más o pior de tudo quando olhou para porta enorme da entrada, havia muitos empregados, duas filhas e a esposa do rei, que prontamente se dirigiu até ela e lhe ofendeu muito com chingamentos, velha inútil, imprestável, veja o que fez, e pensar que confiei esse tesouro em suas mãos, e a rainha ainda ajudou, bem que eu lhe falei que ela estava velha demais para esse serviço, você deveria ter colocado alguém mais jovem.

E o rei num impulso de raiva expulsou a pobre senhora, desapareça deste palácio velha irresponsável, nunca mais quero vê-la.

A pobre senhora simplesmente baixou sua cabeça, olhou para o rei e sua esposa e pediu desculpas, realmente sou uma incompetente, más um dia lhe pagarei eu prometo, e foi até seu pequeno quarto nos fundos do palácio apanhar os poucos pertences que possuía, e chorando muito saiu do palácio.

O rei por sua vez chamou todos os empregados e explicou o ocorrido, pediu que uma bem mais moça passasse a cuidar dos afazeres da velha senhora, más pediu todo cuidado ou a mandaria para prisão para sempre caso voltasse a acontecer o ocorrido ou se desse por falta de qualquer objeto daquela sala.

A pobre e velha senhora saiu pelas ruas da cidade desolada, não tinha um teto, nem um parente, teria que dormir nas ruas, durante toda sua vida nunca recebera um vintém do rei e a única coisa que possuía era um velho cobertor, e um velho vestido que já tinha muitos remendos, então passou a mendigar pelas ruas da cidade.

O filho mais velho do rei estava viajando e retornava de uma viajem de negócios, logo que chegou ao palácio soube do ocorrido e ficou muito magoado com o pai, pediu licença e entrou em seus aposentos.

Vossa magestade, Sr.meu pai, peço desculpas por me intrometer em seus assuntos, más o que fizestes foi imperdoável, como ousa questionar a mim que alem de rei deste país sou seu pai. Perdão meu pai más o Sr. sempre foi uma pessoa justa e todos o admiram por isso, más essa senhora foi quem nos criou, ela nos ensinou a mim e a minhas irmãs quase tudo que sabemos sobre bondade e caridade, ela nos ensinou os primeiros passos, e antes serviu ao Vosso pai, tudo que ela fez por nossa família não há objeto naquela sala que pague. Insolente retire-se daqui e não questione a decisão de um rei, sou monarca e tenho o poder e faço dele aquilo que me aprouver.

O filho saiu desolado, foi até a cocheira apanhou uma carruagem e saiu pela cidade, a procura da velha senhora.

Cavalgou por horas sem nada encontrar, muitas pessoas o saudaram, vejam é o príncipe, entrou em uma adega pediu um copo de vinho e perguntou aos presentes se alguém tinha visto a velha senhora, ninguém a vira, então ele disse: “Ofereço mil florins para aquele que há encontrar e trazê-la até mim”.Más ninguém sabia onde estava. Apenas um jovem se dirigiu até ele dizendo, eu a vi a alguns meses atrás cambaleando pelas ruas, toda suja e maltrapilha, deveria estar faminta a pobre velha, más foi só aquela vez, e você não viu para onde ela foi, olhe vi indo para o lado norte da cidade. Obrigado, e depositou algumas moedas nas mãos do jovem.

Ele tomou sua carruagem e partiu na direção indicada, cavalgou o dia todo, e chegou a um povoado pequeno, lá perguntou pela velha senhora, algumas pessoas o reconheceram e lhe disseram, sim sua alteza nós a vimos esta morando num velho barracão no final desta rua. Ele prontamente subiu em sua carruagem e seguiu até o barracão, lá encontrou a velha senhora toda machucada, com fome e sede, seu rosto deformado pelo sol, quase não tinha forças para se levantar, então carregou-a em seus braços e a levou até uma estalagem pediu que cuidassem dela, providenciassem, roupas, um banho, comida e um quarto, e colocou um saco de moedas sobre o balcão, partiu dizendo que retornaria no dia seguinte.

Quando chegou ao palácio seu pai perguntou por onde andara, e ele disse que tinha saído para cavalgar e rever a cidade pois a tempos estava em viagem, então pediu ao pai para ver a coleção de cristais que tivera recebido de presente, o pai levou-o até o salão e exibiu o móvel onde se encontravam as peças, note aquela saliência é uma taça que falta que aquela empregada inútil quebrou, o príncipe observou bem as peças uma a uma e o brasão estampado nelas.No dia seguinte saiu bem cedo e foi visitar a velha empregada, quando chegou a estalagem perguntou sobre a senhora, e lhe disseram infelizmente ela faleceu, não suportou o sofrimento das ruas, tudo foi feito conforme o pedido de Sua Majestade más ela não resistiu, más deixou este pedaço de papel e pediu que lhe entregássemos.

No papel estava escrito apenas um endereço, era um pouco longe dali más o príncipe decidiu ir até lá, tratava-se de uma loja, onde estavam expostos muitos objetos que pareciam ser cristal, ele observou uma prateleira com caixas onde haviam muitos objetos parecidos com o que seu pai ganhara, e perguntou ao dono “Estes objetos são de cristal”, o dono sorriu não são de vidro, um vidro muito bom que engana qualquer pessoa. E estes brasões, eu estampo conforme a pessoa pede, v eja estes por exemplo, outro dia veio aqui um casal me pediu para ver os desenhos e escolheu estes então lhes fiz um jogo completo, então o príncipe notou que era igual ao que seu pai tinha recebido de presente, e pediu que o artesão estampasse aquele brasão em uma taça que ele iria levar, ele perguntou, só uma, sim somente uma.

Quando ele terminou e pediu que embalasse bem para não ter perigo de se quebrar durante sua cavalgada, a levou para o palácio.

Lá chegando apresentou-se a seu pai e lhe contou que tinha procurado pela velha empregada, seu pai ficou furioso, como ousou, e pediu desculpas e disse ao pai, não precisa se preocupar mais, aquela que se doou a vida toda por nós já partiu, já não vive, más pediu que lhe entregasse isto, e apresentou-lhe a taça, o rei imediatamente apanhou o objeto e com todo cuidado o observou, o filho nada disse, e o rei disse simplesmente, bem que ela me disse que um dia iria me repor esta peça, que Deus me perdoe pelo que fiz, e que ela também me perdoe, e com todo cuidado colocou o objeto no local onde estava faltando.

O filho simplesmente disse ao pai, existem coisas muito mais valiosas em nossas vidas e não nos damos conta, só damos valor quando a perdemos.E o príncipe nunca revelou a verdade a seu pai sobre o objeto.

Wilsonjlopes
Enviado por Wilsonjlopes em 17/05/2013
Código do texto: T4295464
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