Eternos amantes

O vento meio frio do outono dança suave por entre as árvores...embalando as como bebês sonolentos...balbuciam.

O barulhinho das marolas do pequeno rio...um canto dorido de um pássaro anônimo,o cantar insistente dos grilos,coaxar dos sapos,o canto fino da coruja se juntam num coral que só a natureza pode proporcionar na entrada da noite enluarada.

Sussurros apaixonados se misturam como poesia sensual nesse momento,mais um instrumento a acompanhar esse coral puro da natureza.

__Amo você minha amada amante cheirosa,linda...

__Amo você meu homem gostoso,minha vida...

__É a mais preciosa jóia,a mais deliciosa,meu tudo...

__Meu amor!!Você me faz a mulher mais completa do mundo...

__Ah meu amado...

__Ah minha amada...

A cavalgada se estende pela noite dos amantes afoitos,eternos apaixonados,tudo é inebriante,tudo é mágico,tudo é amor,desejos satisfeitos,carinhos ousados,experiencias a dois...

Depois descansam como a noite, abraçados,soltos,se beijam,se acariciam... mesmo dormindo.

Amanheceu,o café esparrama o cheiro pela casa simples,limpa e bem cuidada...

Na frigideira os ovos mexidos,o leite ferve derramando um pouco pela borda da leiteira...no fogão de lenha.

O pão caseiro fresco é fatiado e colocado numa gamela antiga coberta com um pano branquinho de algodão rústico,manteiga batida a mão numa terrina de barro,canecas d ágata flores azuis,levemente escoriadas pelo tempo em cima de uma toalha de xadrez marrom e branca.

As mãos calejadas,porém delicadas de uma senhora gordinha arrumam tudo com carinho.

Ela uma senhora,uma dona de casa comum,aparenta uns cinquenta anos ou pouco mais,clara...braços cheios de pintinhas marrons,cabelo já grisalhios presos num coque...algumas rugas,seios fartos,chinelos nos pés.

A porta se abre!Um homem simples entra, a beija e coloca o cesto cheio de vagem de feijão seca no banco de madeira e vai até o banheiro lavar as mãos.

Ele olha o espelho e a vê caminhando pela cozinha e sorri...

Ela o observa com olhos amorosos.

Um homem do campo,magro,alto,cabelos quase brancos e ralos,moreno claro,corpo calejado pela labuta na fazenda,pela lida com os animais...

Ela o chama,sentam se a mesa e conversam amenidades,comentam sobre os filhos que chegam pro final da semana...Eles estudam e trabalham na cidade,final de semana vem pra casa e os pais os amam,mimam e recebem ajuda nas tarefas diárias...

Ele acaricia com os dedos o rosto dela,seus lábios ...ela responde colocando suas mãos em conchas ao redor do rosto amado, alimentam se devagar, se olhando,ela sorri maliciosa,ele pisca pra ela...

Terminam o café,ele abraçado a ela caminha até a porta da cozinha, pega seu boné do prego,seu alforges ,a beija e sai a cavalo...

Ela fica olhando da soleira da porta até ele desaparecer na estradinha cercada de lírios amarelos,suspira profundamente e vai pra sua rotina diária.

Coloca um lenço nos cabelos ,um avental estampado surrado com bolsos ,pega o cesto de milho e vai pro quintal , chama as galinhas,colhe ovos,afofa e molha a terra da horta,trata os porquinhos,molha seus mimos as orquídeas,dá ração e água pros cães...volta pra dentro da casa e enquanto assa a carne pro jantar dos filhos,limpa a casa,bate um bolo,ouvindo músicas no velho rádio que ganhou do seu pai há muitos anos...

A noite chega e com ela o marido,os filhos...muitas risadas,abraços,colo,conselhos,carinhos...descanso.

Quem olha a casa em meio da maravilhosa paisagem ao redor, iluminada pela lua é capaz de sentir a alegria de ser amar simplesmente.

Segunda sozinhos,junto a cantoria da noite pode se ouvir os sussurros apaixonados dos eternos amantes,acompanhando a linda melodia da natureza que canta sem chorar...

*Somos belos pra quem nos ama...somos lindos quando amados.

xodózinha
Enviado por xodózinha em 16/05/2013
Reeditado em 07/05/2015
Código do texto: T4294308
Classificação de conteúdo: seguro