alheio

Gostava tanto de vê-las completamente nuas, que toda mulher, indo morar com ele, acabava por transparecer as saias, extinguir as anáguas e raspar fora os cabelos. E assim certificava-se do quanto eram bonitas: tirados todos os arredores e rebarbas. Sobrava, assim, não muito mais que umas carnes robustas envoltas do espírito angelical e intimidador. Sempre muito belas, de uma beleza que nunca se soube explicar.

O resto dos homens, aturdidos, se enlouqueciam com a ideia de mulheres que ficassem ainda melhores dentro de casa. A ideia de uma nudez renovada em cada aurora, suficiente.

As mulheres que restavam no mundo dividiam o tempo entre a angústia de maldizer as sombras da felicidade sem freio nas janelas da casa e a esperança pelo dia em que pudessem se tornar a tal nua, crua.

Adriana Campos K
Enviado por Adriana Campos K em 16/05/2013
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