TRANSPORTE ALTERNATIVO?!
TRANSPORTE ALTERNATIVO?!
Não tem nenhuma graça!
Não cabe nesse caso sequer aquela afirmativa de que seria cômico se não fosse trágico, dada a gravidade da situação e do abandono!
E nem estou me referindo aos transportes populares destinados a população periférica que todos os dias, tomam ônibus lotados, trens abarrotados e etc.
Isso por si só também já é trágico, porém, acredite, existem coisas piores!
Pior que acordar de madrugada, sair correndo às vezes sem tomar café e se meter numa “lata de sardinha” motorizada?!
Sim! Muito pior!
Existem àqueles que já não possuem mais esse direito de escolha!
Talvez, um dia produtivos, hoje, completamente à margem, não morreram, mas, não existem mais!
São pessoas cuja falta de oportunidade, sei lá, ou talvez por não saberem aproveitar esta, hoje, foram esquecidas. Andam à sombra da sociedade como se fossem fantasmas: são meras aparições!
E como nas grandes capitais, particularmente, em São Paulo, as pessoas sequer se dão ao trabalho de olharem em torno, eles se tornaram homens e mulheres invisíveis!
Eis a mais clara mostra de parte dessa assertiva:
No interior de uma carroça, puxada por um desses seres “sofridos”, envelhecidos, há um amontoado de metais, latas, papelão etc. Acompanhado de mais uma “dama” da pobreza, esta, escoltada por um séquito de fies seguidores , no caso, uma matilha de cães sarnentos, etc. segue esse homem, seu caminho paralelo aos carros!
Porém, meu olhar inevitavelmente voltou-se para o interior daquele transporte alternativo e de onde só havia (ou deveria haver ) somente lixo (pois, na verdade é o que é), “algo” parecido com um ser humano deitado, movia-se!
E qual não foi minha surpresa ao perceber que de fato, ali havia uma figura que pelo aspecto exterior parecia ser mesmo um ser humano... e o era!
Numa atitude de extrema sensibilidade, aquele pobre ser, além de puxar aquela carroça em via pública, rebuscando lixo, catando recicláveis e coisas do tipo, ainda se dava ao trabalho de fornecer transporte gratuito ao seu amigo “desmoronado”.
Isso, em outras palavras, eu chamaria de solidariedade, piedade, compaixão, amor. Um supremo gesto de uma pessoa que nada tem e o pouco que possui, divide com seu amigo completamente desgraçado e abatido, o qual, sabe-se lá por quanto sofrimento, por quantas bebedeiras, passou para finalmente de homem, passar a se tornar apenas, parte da carga, por que?
Porque não tem mais forças sequer para se erguer de sua posição e dizer aos transeuntes observadores (se houver algum) que não é lixo É HOMEM!