Pêro Galego, o corsário Português.

Se eu perguntar quem foi Pêro Galego, a maioria do povo português não me sabe responder, e mesmo a naturais de onde ele nasceu, provavelmente poucos o saberão. No entanto foi um Português que atacou a armada Espanhola, e do feito, saiu ileso. Mas deixemo-nos de pressupostos e vamos contar quem foi.

Pêro Galego nasceu em Viana do Castelo. Moço-fidalgo da casa de el-rei, cedo se distinguiu na defesa das praças portuguesas no norte de África. Quando regressou a Viana do Castelo, abriu uma escola de esgrima disponibilizando os seus conhecimentos aos moços da região. Para além da arte na esgrima, foi contando a sua experiência nos combates com os mouros. Os alunos extasiados sorviam cada palavra do mestre com a esperança de um dia também eles se cobrirem de glória.

Fartos de darem estocadas em bonecos de palha, fretaram uma caravela e sem autorização do rei fizeram-se ao mar. Estava-se no ano de 1547, e muitas caravelas argelinas devastavam a nossa costa, matando, saqueando e capturando as gentes, para serem vendidas como escravas.

Pêro Galego e os seus 30 seguidores depararam com uma dessas galés. A experiência do mestre e a garra da juventude, levaram de vencida os mouros capturando a galé, que venderam assim como o produto do saque num porto algravio, podendo deste modo pagar a caravela fretada e ainda arranjarem uma outra melhor. Souberam, porém, que a sua saída não autorizada os tinha colocado na lista dos fugitivos à lei, tendo então, para evitarem de ser presos, optado por se dedicarem mais a fundo à vida de corsário.

Fizeram-se a Africa, onde as sucessivas vitórias os tornaram no terror da costa Africana; combatendo todo o tipo de piratas. As notícias dos feitos destes rapazes, chegaram ao seu país, onde as autoridades já começavam a ver a questão da sua saída com outros olhos, em virtude de assim os mouros terem mais com se preocuparem do que assaltar os povos da costa marítima portuguesa.

A vida de corsário correu tão bem que enriqueceram. Resolveram então regressar a casa. Deu-se o caso de se encontrarem perto do porto de Cádis, no sul de Espanha. Resolveram aí aportar para reabastecimento e entraram na baía com a bandeira portuguesa hasteada. Deu-se a coincidência de uma grande parte da armada espanhola se encontrar nesse porto, para preparar uma expedição contra os piratas do norte de África. O almirante espanhol, D. Pedro Navarro, avisado de que a pequena caravela portuguesa não tinha arreado a bandeira, o que constituía uma grave ofensa, ordenou-lhes que o fizessem.

Não sabemos se foi por falta de conhecimento, excesso de entusiasmo juvenil ou deliberada má vontade, o facto é que não arrearam a bandeira, acabando por ser atacados por uma galé espanhola.

Então a situação mudou por completo. Ao serem atacados, responderam, abrindo fogo com tudo o que tinham contra toda a armada espanhola ancorada em fila. Tendo atacado com tiros de berço e canhão cada uma das naus e galés ancoradas, resolveram passar a fila de novo, conseguindo sair do porto sem prejuízo de maior.

O almirante espanhol estava furioso, não só pelos graves prejuízos causados à sua gente e armada, mas também porque se sentia ferido no seu orgulho pessoal. Entretanto o imperador Carlos V, pediu satisfações a D. João III de Portugal.

Sabemos que Pêro Galego e os seus alunos voltaram sãos e salvos a Viana do Castelo e que a sua peripécia de Cádis foi motivo de risada geral na Europa.

Não consta que tenham sofrido qualquer dissabor por parte do Governo Português e mesmo Carlos V deve ter resolvido passar por cima da questão, necessitado como estava da ajuda portuguesa para manter Tunis nas suas mãos.

Hoje a perpetuar, tem uma rua com o seu nome e a casa onde morou, ostenta uma pedra com uma caravela esculpida.

Lorde
Enviado por Lorde em 15/05/2013
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