QUAL A QUE MAIS DÓI?
Qual a que mais dói?
A dor física ou moral?
Um jovem fez esta pergunta ao fim de uma palestra.
E respondi que nem uma nem outra.
A mais doída, é a palavra.
Aquela que atinge sua alma, seus sentimentos, seus sonhos, seus anseios. Aquela que busca escondendo os próprios erros, apontar os seus, verdadeiros ou não. Mas isto pouca importa. Desde que alcancem o objetivo. Pisar e com força, e ainda rodando o bico da bota, sobre seus sentimentos. Porque não querem ver, e lhe desejam também cego. São surdas, mas querem que você ouça. Que você fique tão pequeno que deixe de acreditar em si mesmo.
O mesmo jovem quis saber o que fazer então?
E ouviu que nada!
Que o mais importante era ter dentro de si mesmo a consciência de que a pilha não havia sido carregada por você. Não se trata de desculpas antecipadas ou perdão já virando a outra face. Mas de saber reconhecer de que finalmente, estava conhecendo a outra verdade. Aquela que até o momento não sabia.
Alertei também ao jovem de que jamais esperasse um pedido de desculpas ou perdão. Porque estes não sabem pedir, mas só exigir e bater. Talvez porque já tenham tanto apanhado na vida que chegou a sua hora de descontar em alguém. E esse alguém pode ser você. E não tem como fugir.
Você vai apanhar, e depois curar sozinho suas feridas.
Este é o segredo de saber viver. Saber curar suas feridas. Até porque você não gostaria de apanhar de novo. Na sequencia dos dias, vem sempre as noites, seguidas por novos dias. E aquelas dores na alma e nos sentimentos, aos poucos irão se transformar em doce licor que só quem tem vai poder saborear.
Se está na hora de saborear, aproveite. Este momento é só seu. Para inveja de quem lhe deu.
Bateu-lhe.
Sorria! O dele será fechado. Sem açúcar e sem sal....
Como sempre!
O dele será amargo.
Nos lábios. E na alma. Para sempre!
Antonio Jorge Rettenmaier, Cronista, Escritor e Palestrante. Esta crônica está em mais de cem jornais impressos e eletrônicos no Brasil e exterior. Contatos, ajrs010@gmail.com