Novos Tempos

Ah, esses novos tempos! Carros com financiamento facilitados e falta de investimentos em infraestrutura de trânsito me fazem perder sessenta minutos em justificáveis dez. Uma lástima!

Mas a coisa não para aí. Quem dera! Meu e-mail do Yahoo não suporta a quantidade de mensagens que me enviam, refugando umas tantas todo dia. E minha caixa de entrada é dita “ilimitada”, imaginem. Por outro lado, tenho que me desdobrar em dez para ler tudo que chega, e responder algumas ocasionalmente.

O forró mudou, o sertanejo mudou, a MPB mudou... Esqueceram de mudar os nossos ouvidos, daqueles que estão na faixa dos cinquenta. Alguém aí sabe onde se encontra um “kit de ouvidos” novos para vender?

E por falar em música, para se ouvir o cantor favorito tinha que se comprar o LP dele ou contar com a sorte de ouvir no rádio... AM, que era sempre recheado de programas mais populares. Os novos tempos nos permitem baixar nossas músicas favoritas pela internet e ouvir em casa na boa, ou salvar num pen drive para ouvir no carro.

E paletós? Nunca usava, agora visto um de vez em quando. A aparência continua a mesma, mas o conforto, quanta diferença! Os tecidos de hoje são muito mais gostosos.

Mas inventaram uma vacina contra gripe que, quando você toma, gripa de imediato. Ora bolas, prefiro contar com a sorte e o incerto, gripando umas duas ou três vezes ao ano, ao invés de ter uma gripe certa, e outras tantas incertas, já que a vacina não dá cobertura a todos os tipos de vírus causadores da doença.

Os tempos são outros, admitamos. Nossa cadelinha, Petty, uma pinscher, viveu dezessete longos anos. Por muito tempo fez rotineiramente exames de sangue, pressão ocular, etc. Noutra época já haveria ido ao sacrifício há muito...

E os cinemas de hoje? Prefiro chamar de salas de projeção, pois cinema é outra coisa bem diferente. Nos cinemas, quando se aproximava o início de uma seção, as luzes eram apagadas gradativamente. Mais que permitir a acomodação de todos, essa sistemática fazia com que o silêncio chegasse junto com a expectativa sobre o filme, cujas cenas eram realmente inéditas, acreditem. Chocolates, jujubas e mentex eram saboreados ao longo dos filmes. Hoje, a seção começa de supetão, espectadores ostentam sacos de pipoca que mais parecem surrões, além de levarem todo tipo de comida “a bordo”.

Mas são os novos tempos. Temos hoje coisas melhores, outras piores. Ou a gente aceita a vida como ela se tornou, ou fica para vovô. O ruim mesmo é viver sem ter amigos com quem podemos contar para desabafar de vez em quando...