DE NOVO, HONESTIDADE NAS VEIAS
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Já comentei aqui, numa crônica, um slogan usado na campanha eleitoral de 2012, não importa onde nem por quem: “honestidade nas veias”. Honestidade, para mim, já dizia eu, então, é de caráter moral, não fisiológico. Aliás, mesmo que o fosse, ainda assim o portador de honestidade nas veias não teria mérito nisso nem por isso. Mérito é de caráter pessoal. Na verdade, também não são poucos os candidatos que se escudam na figura do pai, conhecido, ou na figura de outro político mais experiente, de um padrinho ou uma madrinha. Usam muletas para subir na carreira política.
Honestidade de fato, e no plano político, se deu em Pará de Minas, no ato da convocação dos vereadores da primeira Câmara Municipal, quando um deles, Antônio José de Melo, numa atitude inacreditável, se recusou a tomar posse, reconhecendo não estar eleito, e apontando erro na soma dos votos. Mas isso faz tempo, minha gente. Foi em 1859!... Dizem os antigos, mas também não posso afirmar que era bem assim, que a palavra empenhada era garantia bastante na política, nos negócios e no comércio. De qualquer maneira, um desiderato, uma aspiração das pessoas de boa vontade.
Aliás, naquele tempo, a garantia da palavra empenhada se fazia na base do fio de bigode, modalidade de aval provavelmente anterior e superior ao lacre, à assinatura e à rubrica, à firma reconhecida, ao carimbo, ao contrato registrado em cartório. O fio era da própria barba do homem, retirado em geral do bigode. As mulheres participavam pouco da vida de negócios. Embora haja controvérsia a respeito, há quem diga que a palavra bigode pode ter sua origem numa antiga expressão germânica pronunciada nos juramentos: Bi Gott! Por Deus! Hoje, em alemão, Bigott significa beato. Por falar em juramentos, isso é o que não falta, numa solenidade de formatura ou de posse, numa jura de amor. Mas, infelizmente, não existe honestidade nas veias... No fio do bigode, quem sabe?!...