A fiel amiga.
Lá estava ela, dormindo na soleira da pizzaria, envolta por papelões e trapos, muitos trapos. Madrugada fria de maio, certamente seu sangue caminhava com dificuldade por aquelas veias já gastas pelos desprezos tantos da vida. Dormia solto, profundo, imantado de sossego e paz. Ao seu lado, uma flor. Num vasinho simples, apenas uma simples e solitária flor. Cena um tanto bucólica, um tanto triste, um tanto feliz. Na solidão do seu cantinho castigado pelas guizos avessos dos ventos imberbes, ela tinha uma flor para ser sua única sombra, sua fiel amiga. Talvez assim, a dor das suas andanças tenha sido menos algoz. Que assim tenha sido.
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