CENTRO ACADÊMICO X MUNDO
Foi na década de 1960, ao final, já como “solicitador acadêmico”, estagiei no Centro Acadêmico “XI de Agosto”, situado no Largo João Mendes, em prédio alto e lugar pleno de gente...um andar inteiro de pobres à procura de algum profissional, com paciência para ouvi-los e para tomar alguma providência, perante a Justiça. Pagávamos para estagiar no C.A. “X de Agosto”, onde dois advogados, notáveis e abnegados, Paulo Gerab e Miguel Aldrovando Aith,ao final do dia, em casos de dúvida, nos davam as diretrizes a seguir em cada caso,defrontado durante a jornada que havia se passado.Aí -nessa altura-o sol já ia ao encontro de nova manhã lá pela China....no Oriente.O sistema de consulta havia um funcionário que sorteava os clientes, para evitar privilégios em determinadas causas.E funcionava mesmo.Era grande o número de estagiários(as). Coisa séria era e é o nosso glorioso CA “XI de Agosto”, que não fazia arruaça nem políticalha do momento à moda se “ser sempre do contra” às instituições e autoridades de plantão.O regime era militar.O Poder Judiciário funcionava regularmente. O objetivo dos estagiários era aprender e aplicar o Direito a casos concretos. As instituições funcionavam regularmente, acresce dizer que a Justiça Militar federal era também o centro das atenções...
Foi numa dessas consultas onde uma senhora pobre,baixinha e gorda me informava que seu atual companheiro havia deflorado sua filha menor do primeiro casamento... era pobre demais para se sustentar – para expulsar o “monstro” que levou para dentro de casa!! Essas histórias se repetem até hoje...
Embora jornalista e formando em direito o fato não chegou tanto a me abalar,muito embora me arrepiei e a indignação sempre toma conta da gente, quando ainda não se chegou aos 30 anos, no mínimo.Só mais tarde compreendi que esses fatos são tão comuns em várias camadas sociais, a semelhança de nota de um Real.Embora ouvindo os notáveis advogados ao final da tarde e o caso para concluir era mais ou menos o seguinte: “Se deixa a vaca come, se puxa a vaca rasga”. Resolvi então procurar excelente pessoa que tive imenso prazer em conhecer e que à época era desembargador de Justiça em SP. Era simplesmente, Edgar de Moura Bittencourt cuja residência – fui até lá, antes telefonei)-perto do Hospital Beneficência Portuguesa em São Paulo. Embora morava em uma grande casa o ambiente era franciscano. Tinha várias obras publicadas,entre elas =“O Juiz”= e conhecia como poucos essa relação vivencial de família concubinada e o desembargador despreconceituado aceitava a união fora do casamento.Era um homem além do seu tempo! Notável pela sinceridade e grandeza.Incompreendido,certamente. Recebeu-me muito bem e o bate-papo foi longo.
Conversa boa, inesquecível... contou e desabafou que sofria no Tribunal de SP por causa de suas idéias e que não se arrependia de nada que tivesse julgado. Particularmente me falou que por suas idéias também fora proibido de escrever, graciosamente, na Folha de S. Paulo, onde tinha mensalmente uma coluna. Vivíamos em épocas tenebrosas em que pensar também podia ser crime e assim foi o grande jurista falando sobre o caso que lhe apresentei daquela pobre mulher que compareceu no “XI de Agosto” com um problemão familiar... Falou que o caso à luz da verdade e não do direito não tinha solução ante a pobreza da consulente...muito embora tenha referido em crime do padrasto.A separação da gordinha era sumir de casa mas isso ela não queria.Era,submissão e escravidão hiposuficiência e mais ignorância. Embora isso, não perdi tempo nem gasolina ao conhecer um grande jurista que se abriu comigo, como se fosse seu irmão. Sai da casa despedindo-me e jamais vi o grande mestre. Também jamais voltou a julgar no TJ/SP e, confinado.solitário –no fundo- ficou,provavelmente, contente com uma visita inesperada e ao que parece queria mesmo é desabafar. Seus olhos irradiavam juventude,alegria e sabedoria. Um Diógenes que o mundo esqueceu... em meio à metrópole turbulenta.
Ao voltar no Centro Acadêmico “XI de Agosto” para continuar a militância de aprendiz percebi que às vezes você é impotente ante o fato social e a luta era do Centro Acadêmico versus Mundo.
Aí então nada faz sentido...
Recentemente houve estatística de que ocorrências de agressões físicas e morais contra mulheres e crianças diminuíram...em quase 40%... de duas uma, ou realmente os homens melhoraram(!?) ou o caso fica igual ao da década de 1960 da baixinha,gordinha e desgraçadamente sem alguma independência para sobreviver. Hoje,com a Lei chamada Maria da Penha, a mulher após a queixa não pode mais retirá-la. Quando não o marido ou companheiro até vai preso em flagrante. Lei Maria da Penha chegou para ficar. É lei que “pegou”.Muito embora,o Estado não dê a sustentação permanente a suposta vítima...
Mas,uma coisa vingou:“Dura lex sed lex”.
Foi na década de 1960, ao final, já como “solicitador acadêmico”, estagiei no Centro Acadêmico “XI de Agosto”, situado no Largo João Mendes, em prédio alto e lugar pleno de gente...um andar inteiro de pobres à procura de algum profissional, com paciência para ouvi-los e para tomar alguma providência, perante a Justiça. Pagávamos para estagiar no C.A. “X de Agosto”, onde dois advogados, notáveis e abnegados, Paulo Gerab e Miguel Aldrovando Aith,ao final do dia, em casos de dúvida, nos davam as diretrizes a seguir em cada caso,defrontado durante a jornada que havia se passado.Aí -nessa altura-o sol já ia ao encontro de nova manhã lá pela China....no Oriente.O sistema de consulta havia um funcionário que sorteava os clientes, para evitar privilégios em determinadas causas.E funcionava mesmo.Era grande o número de estagiários(as). Coisa séria era e é o nosso glorioso CA “XI de Agosto”, que não fazia arruaça nem políticalha do momento à moda se “ser sempre do contra” às instituições e autoridades de plantão.O regime era militar.O Poder Judiciário funcionava regularmente. O objetivo dos estagiários era aprender e aplicar o Direito a casos concretos. As instituições funcionavam regularmente, acresce dizer que a Justiça Militar federal era também o centro das atenções...
Foi numa dessas consultas onde uma senhora pobre,baixinha e gorda me informava que seu atual companheiro havia deflorado sua filha menor do primeiro casamento... era pobre demais para se sustentar – para expulsar o “monstro” que levou para dentro de casa!! Essas histórias se repetem até hoje...
Embora jornalista e formando em direito o fato não chegou tanto a me abalar,muito embora me arrepiei e a indignação sempre toma conta da gente, quando ainda não se chegou aos 30 anos, no mínimo.Só mais tarde compreendi que esses fatos são tão comuns em várias camadas sociais, a semelhança de nota de um Real.Embora ouvindo os notáveis advogados ao final da tarde e o caso para concluir era mais ou menos o seguinte: “Se deixa a vaca come, se puxa a vaca rasga”. Resolvi então procurar excelente pessoa que tive imenso prazer em conhecer e que à época era desembargador de Justiça em SP. Era simplesmente, Edgar de Moura Bittencourt cuja residência – fui até lá, antes telefonei)-perto do Hospital Beneficência Portuguesa em São Paulo. Embora morava em uma grande casa o ambiente era franciscano. Tinha várias obras publicadas,entre elas =“O Juiz”= e conhecia como poucos essa relação vivencial de família concubinada e o desembargador despreconceituado aceitava a união fora do casamento.Era um homem além do seu tempo! Notável pela sinceridade e grandeza.Incompreendido,certamente. Recebeu-me muito bem e o bate-papo foi longo.
Conversa boa, inesquecível... contou e desabafou que sofria no Tribunal de SP por causa de suas idéias e que não se arrependia de nada que tivesse julgado. Particularmente me falou que por suas idéias também fora proibido de escrever, graciosamente, na Folha de S. Paulo, onde tinha mensalmente uma coluna. Vivíamos em épocas tenebrosas em que pensar também podia ser crime e assim foi o grande jurista falando sobre o caso que lhe apresentei daquela pobre mulher que compareceu no “XI de Agosto” com um problemão familiar... Falou que o caso à luz da verdade e não do direito não tinha solução ante a pobreza da consulente...muito embora tenha referido em crime do padrasto.A separação da gordinha era sumir de casa mas isso ela não queria.Era,submissão e escravidão hiposuficiência e mais ignorância. Embora isso, não perdi tempo nem gasolina ao conhecer um grande jurista que se abriu comigo, como se fosse seu irmão. Sai da casa despedindo-me e jamais vi o grande mestre. Também jamais voltou a julgar no TJ/SP e, confinado.solitário –no fundo- ficou,provavelmente, contente com uma visita inesperada e ao que parece queria mesmo é desabafar. Seus olhos irradiavam juventude,alegria e sabedoria. Um Diógenes que o mundo esqueceu... em meio à metrópole turbulenta.
Ao voltar no Centro Acadêmico “XI de Agosto” para continuar a militância de aprendiz percebi que às vezes você é impotente ante o fato social e a luta era do Centro Acadêmico versus Mundo.
Aí então nada faz sentido...
Recentemente houve estatística de que ocorrências de agressões físicas e morais contra mulheres e crianças diminuíram...em quase 40%... de duas uma, ou realmente os homens melhoraram(!?) ou o caso fica igual ao da década de 1960 da baixinha,gordinha e desgraçadamente sem alguma independência para sobreviver. Hoje,com a Lei chamada Maria da Penha, a mulher após a queixa não pode mais retirá-la. Quando não o marido ou companheiro até vai preso em flagrante. Lei Maria da Penha chegou para ficar. É lei que “pegou”.Muito embora,o Estado não dê a sustentação permanente a suposta vítima...
Mas,uma coisa vingou:“Dura lex sed lex”.