A garota do trem.
Aquela menina no trem não aparentava ter mais de 18 anos, apesar dos olhos pintados e da roupa apertada... Um esforço para aparentar maior idade. De onde será que ela vinha? Sentada no vagão do trem ela sumia. Seu corpo pequeno, magro. Olhos atentos, que percorriam o chão do vagão e meticulosamente iam de canto a canto. Era duro imaginar um enredo para sua vida, conturbada por desalentos com a morte prematura de seus pais. Fadada a levar seu passado triste nos caminhos do futuro, ela o percorria da melhor maneira que podia. Mas as vezes faltava dinheiro. E nessas horas ela sabia o que tinha que fazer. Era necessário para alimentar o seu irmão, que tinha aneurisma e estava esperando há um longo tempo na fila infinita do SUS. Não se orgulhava dos caminhos que sua vida tomava, mas não tinha escolha. Já tinha ouvido falar em desigualdade social, sabia que havia pessoas ricas enquanto a maioria (ironicamente chamada de minoria) perecia nas vielas da baixada-fluminense, esquecida pelo tempo e pelo espaço.
"Próxima estação, Queimados"- uma voz metálica anunciou. E acabou ai a minha suposição, acerca de uma garota com 4543534 possíveis histórias de vida. Só espero que seja uma com final feliz.