Carta à Minha Mãe
“Mãe, faz quatro anos que fisicamente você não está comigo. Quase esqueci o seu dia. As coisas da vida são tão imprevisíveis. Em um momento acompanho você até o ponto de ônibus, minha última imagem sua, e no outro sigo até onde seu corpo descansa.
Tento não chorar enquanto escrevo estas linhas, engulo seco. Mas, sei que você não quer me ver chorar e nem sofrer, cumprirei a promessa feita sobre as suas mãos frias.
Olha, eu nunca esqueço de levar o prato, o copo, o que for, até a pia. Sempre levo um agasalho e o guarda-chuva não sai da minha bolsa. Não coloco os pés no chão frio depois de sair do banho e quando os cabelos estão molhados evito a “friagem”.
Depois que você foi embora eu deixei a preguiça de lado, afinal tenho que me virar e a cada dia aprendo algo útil, muitas pessoas são donas de casa naturalmente, precisei estudar para isso.
Uma amiga sugeriu que escrevesse sobre saudade e não vejo melhor momento do que este para falar sobre ela. A saudade pode ser muitas vezes sufocante, apertar demais o peito, mas se você acredita que não está sozinho - mesmo nos momentos em que a solidão é insuportável e tudo parece desmoronar – suas forças ressurgem e a cabeça volta ao lugar.
Hoje agradeço a você e meu pai pela educação que recebi, pelas crenças e lições que são a base do que sou, também aprendi com a experiência depois de tudo o que aconteceu e a minha força para encarar, reagir e dar a volta por cima emana da sua alma que acredito esteja junto a mim.
Te amo mãe. Obrigada.”