APRENDENDO A AMAR!

Ozanan, agricultor modesto e trabalhador, se viu muito triste e cabisbaixo, achando a vida melancólica e sem alegria, não tinha mais razões para sorrir, contemplar a beleza do nascer do sol, enfim, não havia motivos para continuar vivendo.

Começou a se isolar, e em um dia, no qual chorava muito, se perguntou mentalmente: - Deus, num tenho mais motivo pra vivê! O que faço?

Sentado na cadeira de madeira na sala, pensava, pensava e, enquanto refletia, lágrimas rolavam de forma contínua, sem cessar pelo seu rosto pálido e incolor. De repente, sobreveio uma ventania rápida, e levando consigo muita sujeira pelas janelas abertas da casa, um cisco entrou no seu olho esquerdo. Saiu da casa e foi até um lago próximo e começou a molhar o rosto, visando remover o cisco. Ao chegar lá, ouviu uma doce voz, a qual ele não sabe se foi algo da sua imaginação ou não, a qual dizia: - Vais à primeira fazenda que vires e fiques lá…

Então, o agricultor perguntou: - Eita, e como é que vô sabê se é a fazenda mermo? E vô fazê o que lá? Vô encontrá o que lá?

E todas as suas perguntas ficaram sem resposta, pois nenhuma voz ecoou mais. Levantou-se e prosseguiu, andou, andou, andou e depois de muito andar, já cansado, viu uma fazenda e lembrou-se da voz.

Foi em frente e chegando lá, viu escrito na porteira da fazenda a palavra: EXPERIÊNCIA.

Entrou e se deparou com inúmeros e distintos animais, cada qual com sua forma, seu jeito, com suas peculiaridades… Uns mais frágeis, outros mais atentos, uns mais quietos, outros mais agitados, uns mais doces, outros mais fechados, porém todos únicos e importantes.

Entretanto, na fazenda, o ele percebeu que não havia nenhum proprietário, pois estava abandonada…

Ozanam por um momento pensou em sair da fazenda, fingir que não sabia de nada e prosseguir adiante, pois não queria ficar com mais problemas. Todavia, ele pensou que se saísse dali sem pelo menos ver e conviver com esses animais não saberia se ia gostar ou não deles… Então, ficou...

Permaneceu na fazenda e percebeu que os animais seriam um obstáculo a ser vencido, pois a convivência não era totalmente fácil, visto que havia animais com todos os gêneros e temperamentos variados.

Inicialmente, alguns animais iam se deparando com ele, derrubando-o, outros o batiam, e assim ele ficou novamente triste e melancólico.

Contudo, não desistiu. Quando algum animal lhe chutava, ele retribuía com carinho, quando outro lhe dava uma marrada, ele colocava comida e sorria para ele. Nem todos agiam assim, havia aqueles que brincavam com ele, davam-lhe carinho, e ele foi reunindo forças para suportar e continuar lá.

Depois de alguns dias, ele percebeu que havia alguns animais com o pelo diferenciado, com uma cor esbranquiçada, foi quando removendo o pelo identificou algumas feridas, as quais não estavam totalmente saradas, contendo algumas partes abertas, e começou a tratá-las, cuidando com paciência e delicadeza.

Notou que todos que estavam com tais feridas eram os animais agressivos.

Passou-se o tempo e todos os animais começaram a gostar do amoroso agricultor, cada um da sua forma e percebeu que sua presença foi importante na vida daqueles animais.

Compreendeu que no mais perigoso leão, continha o mesmo coração do meigo gato, que tanto o cantar do galo quanto o rixo do cavalo expressavam o mesmo carinho, mudando somente a forma de expressão. Ozanan resolveu cuidar dos animais, pois entendeu que era sua habilidade e se sentiu realizado ao fazer isso.

A mesma voz que tinha falado tempos antes com ele, depois falou: - Percebeu como em cada ser há algo de importante? Basta tentar descobrir com paciência e amor. Só se tem motivos para viver quando se olha a vida com leveza e se permite a sonhar.