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        MATERNAGEM
                     E
        MATERNIDADE





 


 

O que deveria ser uma homenagem, trata-se de uma breve  reflexão sobre maternagem e maternidade. Pode parecer fora de propósito justo no Dia das Mães, propor uma reflexão partindo do seguinte pensar: 'Há que endurecer-se sem perder a ternura' (Che). Mas é justamente, por não perder a sensibilidade, que me disponho abordar este tema, procurando destituí-lo de pieguismo e sentimentalismo, para refletir seriamente sobre as culturas que a sociedade pós moderna nos impõe.

Nesse contexto, o que é ser mãe?
Ser mãe é ter muita responsabilidade, muito trabalho, exacerbada preocupação e dedicação quase que exclusiva ao ato de gerar, parir, criar e educar. O que no entanto, não é uma prática comum à todas as mulheres. Tem mães que terceirizam o seu papel, delegando para babás, funcionárias domésticas, avós, creches ou escolinhas, enfim alguém que exerça a função de cuidadora dos seus filhos. É justo e óbvio, que muitas por necessidade de trabalho e estudo, precisam agir dessa maneira. Outras, por questões pessoais, visto que teriam diferentes opções, acabam tomando atitude semelhante... 

E aí, é novamente "Dia das Mães", dia de reunir a família, de receber abraços, flores, presentes, reconhecimento pelo afeto e a dedicação despendidos. Isto é deveras significativo e importante para manter os laços familiares. Não se questiona o verdadeiro sentido da data, apesar dos alardes do comércio 'depois do Natal, o Dia das Mães é a segunda data de maior faturamento...' Insisto porém, ao menos questionar os interesses e mitos que contribuem para que esse dia seja visto de tal forma. 

Para quem e por que é importante romantizar esse dia? Atrelar a imagem da mãe nossa de cada dia à mãezinha do céu? Assim como por que é importante atribuir à mãe, atributos acima dos demais seres humanos, afinal ela é geradora de vida? Ora, sem ser cética, mas a ciência está aí comprovando questões biológicas. Ninguém é uma supermulher porque gerou um filho. Ninguém é santa porque ama seu filho, indiscutível todo e qualquer juízo sobre diferentes posturas humanas, porque tem mães e mães e, cada uma com sua história, seus limites e possibilidades, o que cabe dentro dos conceitos distintos entre, 'Maternagem e Maternidade'.

Conforme Ercília Magaldi: "Maternidade é uma condição física, nem sempre optativa. Maternagem é sempre uma escolha, um desejo de servir que existe nas mulheres e homens que possuem uma relação de influência por sua anima. Maternagem é cuidar, dedicar-se por amor. Embora o conceito derive da mesma raiz não significa em absoluto, que toda mãe é maternal. As pessoas maternais são aquelas que abraçam as grandes causas, preocupam-se com todos os seres, por mais simples e pequenos que possam ser..."

Daí a importância do reconhecimento pela dedicação e o cuidado com que muitas pessoas assumem esse papel de cuidadoras e amorosamente conduzem outras pessoas pelos caminhos da vida, independente do vínculo, independente da genética.
Ser mãe portanto, é muito além do biológico, talvez, uma necessidade humana de preservação da espécie, inscrita no DNA  afetivo de algumas pessoas, sejam mulheres ou homens.
Uma opção pelo amor entre os seres humanos.

Por isso, enquanto o dia segue seu curso, desejo a todas estas pessoas uma vida feliz e um carinho especial pelo desprendimento, a capacidade de desapego e de amorosidade em favor de outras vidas. Creio que pessoas assim ajudam a ampliar os horizontes de nossa sociedade tão carente de cuidados e serviços amorosos, para torná-la numa sociedade de 'maternagem coletiva', pois somente a opção pelo amor é a possibilidade de acolher e transformar vidas. Entre estas, agradeço e incluo, carinhosamente, minha mãe...


Fonte: Ercilia Simone Dalvio Magaldi
Pedagoga – Filósofa – Especialista em Psicologia Junguiana –terapeuta - mestre em CRE – PUCSP e doutora em CRE - UMESP



 
Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 12/05/2013
Reeditado em 13/05/2013
Código do texto: T4287197
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