TRISTES LÁGRIMAS DE ELISA
TRISTES LÁGRIMAS DE ELISA
Ela olhava para aquele jovem tão querido e não acreditava naquilo que os seus olhos viam. Não era possível, não estava vivendo tal situação. Lágrimas rolavam por sua face, enquanto abafava soluços que sacudiam o seu íntimo. Sentia-se tão só, embora rodeada de parentes e amigos.
Olhos fechados, cansados de tanto chorar, via, como num filme, Pedrinho dando seus primeiros passos, observado por ela e por seu marido. Eram pobres, mas nunca faltou o necessário para que eles vivessem uma vida digna. Como eram felizes, os três! Porém, como se ouve dizer em tais situações, quis o destino que ela ficasse viúva aos vinte e nove anos. Desde então, criou o seu filho sozinha e, mesmo sendo tão jovem e tendo alguns pretendentes, jamais desejou se casar novamente, dedicando-se a cuidar do menino. Trabalhava em casa, lavando, passando e costurando para fora, a fim de que não lhes faltasse nada. Foi uma guerreira, tal e qual outras mães que sobrevivem às tempestades da vida, protegendo a família, e nunca precisou pedir nada a ninguém. Imóvel, petrificada, via muitas cenas se passarem diante dela: Pedrinho crescendo, estudando como um aluno exemplar, um filho amoroso que só lhe dava satisfação, e que sonhava em ser cientista e levá-la para conhecer outros países.
A notícia chegou por volta das dez horas da noite: “Dona Elisa, como vai?” Ela não conhecia aquela voz que continuava a lhe falar com uma certa ternura, e perguntou o nome da dona da voz que falava como se a conhecesse. “Márcia, sou da turma do Pedro”, respondeu a jovem. O instinto materno fez com que ela pressentisse algo. A moça continuou a falar, com muito jeito, dizendo que morava perto e precisava pegar um texto sobre uma disciplina importante. Elisa sentiu que, de repente, a voz de Márcia se misturava com soluços incontidos. Tentou acalma-la, mas só ouvia o desespero que, sem querer, a moça transmitia àquela mãe aflita. Atônita, ouviu o que não queria ouvir: “... um carro desgovernado, dirigido por algum homem embriagado...”. Depois só entendeu o nome do hospital para onde deveria se dirigir.
Naquele momento, ela se encontrava diante do corpo de seu filho, que parecia dormir. Pegou uma das rosas que ornamentavam o jovem, apertou-a junto ao peito, e curvou-se, mais uma vez, para contemplá-lo. As lágrimas, que Elisa não conseguia conter, despencavam até o rosto do rapaz, enquanto ela aguardava o instante em que o veria pela última vez.