Histórias de ônibus: Passeio no shopping
Essa é uma obra de ficção.
Qualquer semelhança com fato real
é mera coincidência.
Quando a imaginação da gente toma liberdade de voar e, nessas divagações, respostas começam a pulular para uma simples pergunta, em princípio normal, inocente, a gente descobre o quão cruel à humanidade pode ser com seus semelhantes... Acredite, ao menor “vacilo” que alguém cometer, um outro vai rir às lágrimas e imaginar alternativas humilhantes para satisfazer-se da desgraça alheia.
Imagine um grupo de adolescentes voltando da escola! Elas entram no ônibus fazendo aquele estardalhaço costumeiro da idade e, de repente, um deles faz uma besteira qualquer, comete qualquer tipo de deslize... A ridicularização é inevitável. Brincadeira irônica provoca uma reação generalizada e mal-intencionada dado seu caráter detrator e humilhante que o “pagador de mico” sofre.
Voltemos à nossa história. Imagine-se meio perdido, com um endereço na mão, sem ponto de referência conhecido, com a extrema necessidade de apressar-se em chegar ao destino!? O normal – para a maioria – é parar um ônibus e informar-se do que for possível.
O problema é que a pergunta não se apresenta previamente formulada para uma resposta objetiva e simples, daquelas tipo “pá e pum”, ping-pong, toma-lá-dá-cá, soa meio esquisita provocando risos ou até gargalhadas em alguns menos irreverentes ou ainda fazer revelar os zoadores de plantão do tipo que perdem o amigo, mas não perdem a piada. Nem quando nunca se viu o cidadão, nem se conhece a sua disposição o tal “vacilo” é perdoado e passa batido.
Agora, imagine quando alguém chega à porta do veículo coletivo urbano, expresso ou não, e se dirige ao soberano comandante da nave e com olhar interpelativo descalda:
– Motorista o senhor vai no shopping?
Ele sem esforço algum olha para o inquisidor e lhe devolve sem parcimônia alguma:
– Quando estou de folga e sobra algum...
Nessa hora ouvisse uma estrepitosa gargalhada do cobrador puxando o coro de risos e sorrisos, pura maldade.
– Você também vai, companheiro? – Indaga o motorista ao cobrador com ar de Petista.
– Uma vez ou outra. Quando a “mina” tá a fim de um cineminha, eu vou.
Por: Paulo Siuves