AS MÃES

Dedicado a Daysi Zamari
e a Maria Su
E DEDICADO a TODAS AS Mães
Foi na festa do CHÁ DE BEBÊ da Maria em que tive conhecimento deste tipo  de festa tão diferente.
Maria Su está com uma gravidez de sete meses de gêmeos, garotinhos
Bernardo e Gabriel
que nascerão em julho, brevemente. A festa foi organizada no terraço do prédio com fartura de comes e bebes. Muitas mesas brancas com quatro cadeiras ordenadamente distribuídas, equidistantes.
Cada convidado que chegava já ia ajudando a encher balões azuis e verdes, e iam pendurando-os em posições ao alto, nas pilastras e paredes ao redor. Fundamental cada um levar presentes para os dois bebês. Amigos e familiares de todas as idades. Muita alegria.Todo mundo fala e ajuda nas arrumações. Uma mesa longa forrada em tons de verde claro e azul vai ficando coberta com um belo bolo nos mesmos tons. Brindes delicados são enfileirados  embelezando a mesa e que, ao final, serão levados  como lembrança.
Maria superanimada se afasta um pouco, e volta com outra roupa deixando toda a barriga exposta como o maior trunfo da festa. Cheia de orgulho e alegria. Deus e Nossa Senhora a acompanham protegendo o tempo todo. A barriga é enorme e tem a pele superesticada é redondinha, enorme. Os garotos comportados ali dentro apreciam tudo. Crianças também participam da festa. Já sabem o que tem na barriga e todos os segredos da gestação. Uma menina de uns oito anos é parente e se sente meio que dona. Abraça carinhosamente Maria e espalma a mão sobre aquele ventre e se percebe que ela está abraçando os dois meninos, bem como a mãe deles. A criança moderna está a par de tudo.Não há mais segredo de nada e de tudo participam. É um novo tempo. Sem mistérios.
É dado um sinal, um som ou uma mudança que não percebi o que foi, mas todos ali sabiam, e todos mudam de lugar como espectadores. Cada um vai até Maria para fotos e abraços.
O personagem mais exposto é a barriga. Tudo é em volta dela, a maior personagem.
Depois de todos serem individualmente fotografados abraçando Maria, ela se senta numa cadeira que é posta ali, e todas as amigas começam a enfeitá-la com tiras de papel de seda branco fazendo mechas de cabelo com laços de papel e sua cabeça fica cheia de rabos de cavalo e laços com pontas penduradas.  Faixas amplas escritos GABRIEL e outra BERNARDO são vestidas sobre seu peito. Tais faixas se rompem e logo outras são confeccionadas e colocadas.
Outra atividade de todos os presentes é usar o batom ou lápis pretos e fazer desenhos e rabiscos em todo o corpo dela, principalmente na cabeça, face e todo o resto. Eu até pensei em desenhar uma flor e um coração de batom, mas não houve espaço, um frisson geral de mãos fazendo bigodes, riscos diversos, até me veio à mente uma coisa bárbara que ali se soltava generalizada, não como maldade,mas como parte da orgia grotesca talvez trazer bons augúrios, não sei e nem perguntei. Reinava alegria desvairada em todos.
 Naquele conjunto em muito movimento, houve festa.
Fiquei besta, mas Maria estava adorando e ria muito. Era um ritual de grande excitação.
De comum acordo geral, Maria foi vedada  e cada amigo levava até ela o presente para ser por ela apalpado e adivinhado. E alegria geral. E longa.
Eu me refugiei em pasteizinhos e latas de  Skol geladas.
Foi uma bela festa, mas eu já precisava voltar para a minha casa, e minha cama.
Voltar para minha tranquilidade e paz.