Entre a ira e a lira
Você foi embora e o tempo ficou tardo, em câmera lenta, sobrou esse frio no peito queimando tão lento... às vezes não sei como eu aguento.
Sempre que posso aperto o passo, quero economizar o tempo ruim. Mas, acho que meu coração perdeu o compasso, não marca mais o tempo, não sabe mais da hora.Meus versos desafinaram, não encontro harmonia e na folha vazia nenhuma composição.
Nada se inaugura na minha pauta musical.
O cardiologista disse que o nome dessa estranheza é Bradicardia Sinusal!
Eu podia jurar que chamava saudade.... Tão bacana essa modernidade de inventar nomes novos para vazios velhos. Parece que o coração ficou Tibetano demais de tanto Bolero na Neblina ou então, é mesmo falta da taquicardia que só tua presença traz.
O médico disse que eu devia te procurar que a vida é muito curta pra deixar o amor passar. Certamente, ele não te conhece, não sabe o quanto suas palavras sabem doer em mim. Será que alguém sabe do teu descaso fingido? Terá, além de mim, alguém percebido essa fagulha que acende no teu olhar? Ou o brilho em tua retina quando viro menina em teu olhar? Mas, uma mulher precisa ter dignidade e amor-próprio nunca fez mal a ninguém.
Devo trocar meu desespero tão calmo por um pouco de ira?
Acho que eu ficaria sã, se tu voltasses, ao menos, pra devolver minha lira.