FALANDO EM GÍRIAS...

Gíria, por ser expressão de época, fica meio sem sentido após algumas décadas. Sendo criada por jovens como forma de comunicação, soa estranha e, as vezes, inexplicável aos ouvidos das gerações mais velhas. Se eu disser, e as vezes digo, "aí, bicho!" para meus sobrinhos, eles me olham como se eu fosse pré-histórica. Se os cinquentões e sessentões resolverem desencavar o "é uma brasa, mora?", a meninada, com certeza, vai perguntar onde mora essa brasa ou, talvez, olhar ao redor para evitar se queimar na brasa.

Algumas gírias atravessam pelo menos umas duas gerações. O "tri legal", por exemplo, perdurou até ser substituído por "massa". E, desta vez, são os mais velhos que ficam com água na boca pensando na variedade de massas comestíveis.

Até aquele nome feio "vai tomar no..." mudou a maneira de ser gesticulado. Na minha juventude era redondo, feito com os dedos indicador e polegar. Agora usa-se só o dedo médio, coisa que, as vezes, me põe em maus lençóis, pois sempre esqueço o significado a ele atribuído. Se estamos numa loja com um filho, sobrinho ou neto, olhamos uma confecção caríssima e dizemos "é um barato", no mínimo eles vão pensar que estamos batendo pino. O "flerte" e a "paquera" que podiam durar meses, foram substituídos pelo "ficar", por vezes tão rápido que os envolvidos acabam passando um pelo outro sem se ver. O "pão" da minha juventude, que não era comestível e praticamente nem comível, virou "gato" sem precisar fazer miau. A "garota papo firme", que era bonita e de bom papo, virou a "gostosa", que é bonita e o papo não importa.

Enfim, a gíria faz parte da vida dos jovens e é como um código que os identifica dentro do grupo social. Algumas até já constam nos dicionários, tal a força de expressão. De todas as gírias que fizeram minha estrada juvenil, tenho por uma especial predileção. É o "paz e amor", com o respectivo símbolo da flor, que identificou uma juventude lutadora, ávida por mudanças e valente no enfrentamento dos preconceitos e normas sociais caducas. Porque a flor é o símbolo da beleza que renasce todos os dias e porque a sociedade ainda continua necessitando de amor e paz para manter a sanidade deste mundo maluco.

Giustina
Enviado por Giustina em 09/05/2013
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