A culpa é do brócolis
Desde bem pequena minha mãe pode notar que eu era um pouquinho diferente das outras garotas. Enquanto elas discutiam sobre seus príncipes em cavalos brancos, eu sonhava com um guerreiro que luta contra a opressão, que seja bom com a espada e o arco, montado num cavalo negro com as patas peludas.
Enquanto as outras garotas se esforçavam para desenhar com perfeição, fazendo animais de círculos e outras formas geométricas, eu fazia rabiscos coloridos e tortos, e lá estava todo um zoológico com seres incríveis constituídos de partes de diferentes animais conjuntos, como Jacaranhas e Pandarugas.
Também nunca tive paciência para brincar de mamãe e filhinha. Eu preferia as bonecas menores, pois tinham mais acessórios, e eu sempre brincava que uma tentava matar a outra e um herói sem lei aparecia para salvar a donzela idiota. Eu sempre preferi as vilãs e vilões, especialmente aqueles que não ficavam falando demais.
Mas eu acho que sei porque minha mãe me julgava diferente: enquanto as outras crianças choravam para não comer espinafre e brócolis, eu implorava para que eles sempre entrassem em casa. É, deve ser isso mesmo. Não tem nada a ver com o fato de que eu queria ser um cavaleiro templário ou uma amazona, ou com o fato de que faço mais amizade com homens. Tampouco seria pelas minhas brincadeiras nada femininas, pelo gosto do sobrenatural e do fantástico, pela vontade de viajar o mundo e viver sem regras desde bem pequena...
Definitivamente, a culpa é do brócolis.