Ser só.

Dormir cansada e acordar mais exausta ainda acabou se tornando uma rotina para Jurema, nunca imaginou que a vida universitária, tão rodeada de mitos alucinógenos, enfeites coloridos, fumaça e álcool, fosse tão exaustiva.

Mas seria até pecado se queixar, aproveitou, não tanto quanto queria, mas o suficiente para que, agora, desesperada, tentasse recuperar o tempo perdido, ler os livros não lidos, gravar as histórias contadas, absorver tudo o que passar em sua frente, e o que não, também.

Longe de casa, grave doença na família, um irmão adolescente sob os seus cuidados, um pai que só lhe cobra, um ex não-esquecível...

Surpreendeu-se, nem a própria sabia da força que tinha. Vez ou outra chorava sozinha, não atendia os telefonemas de casa, não podia demonstrar fraqueza na voz embargada que sua mãe reconheceria no primeiro: " Alô."

Era difícil ser só, escolher "estar" para "privar".E até encontrou no caminho algumas pessoas para partilhar, mas todos tinham uma cruz diferente para carregar.

Depois dessa rima, deu até vontade de rir de sua sina, Jurema era feliz, só que as vezes queria ouvir:

"Calma, vai ficar tudo bem menina."

A Máximo
Enviado por A Máximo em 09/05/2013
Reeditado em 09/05/2013
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