Professor EDGAR SAAAAANTOS na primeira qual e mekhor e na segunda qual e melhor?pq?

Corria. Estava correndo a horas, talvez dias, semanas... Ele mesmo não poderia dizer com exatidão quanto tempo, quem sabe sua corrida durasse anos... O ar faltava, estava ofegante. Braços, costas e rosto suavam incessantemente. Quando por algum motivo ameaçava parar, ou simplesmente reduzir a velocidade, seu coração comprimia-se, como se alguma mão oculta estivesse a aperta-lo. A respiração ficava mais pesada, uma terrível angústia tomava-lhe a alma, sentia imensa vontade de gritar, de berrar a todo peito - tal qual o condenado que já não suporta o cárcere. Não é que sentisse melhor ao correr, mas esse ato, como que anestesiava sua dor. No caminho estreito que percorria não havia árvores. Não havia sombra. Não havia ninguém, somente um sol mau, do tipo que só se viu na Argélia, ardia ao longe. Não sabia que lugar era aquele, ou que caminhos até lá o conduziram e não saberia encontrar uma estrada que desse em algum lugar. Paulo, pois esse era o nome do rapaz (ou ao menos, o nome que condenaram-no a carregar quando criança) avistou de súbito, em sua frente, uma imensa floresta negra (talvez fossem arbustos). Pela primeira vez, sentiu algo novo... algo que não fosse cansaço... seu corpo todo tornara-se leve. Atirou-se, junto de suas últimas esperanças. E lá, segundo contam, se afogou, gritando antes: "Liberdade,Liberdade!"

Ou

Uma segunda mãe, um segundo lar. Casa de vó é sempre uma doçura, uma forma de alegrar o dia de quem vive só, açucarar a vida daquele que está sujeito a desolação. A descrição é perfeita, um leito para o romântico, o amadurecimento das convicções humanas e suas peripécias. É o lugar que faz o mundo ainda valer a pena.

Pode ser no frio, junto à neve escorrendo pela chaminé, ou ser calor, à frente de uma praia à céu azul e com coqueiros que arrefecem a dor de cada indivíduo. Seja como for, até Raul Pompéia escreveria “ O Ateneu “ com menor angústia ao se desinibir em ingenuidade de avó, sem a lascívia dos sexos contemporâneos.

Entre o portão e o quintal já se deduz um singelo ar de compaixão. Ao entrar pelos fundos, chocolate e mais doces, saudáveis para a alma, alarmam coração humano, em batimentos propensos ao encontro familiar. Uma verdadeira pompa.

Quando criança, bradava com ternura ao encontro de minha avó. Sempre, lembro-me até hoje, pois os grandes se lembram, alternava os passos, deixando-os com marca na garagem velhota, até, decorrente do amor, esmorecer nos braços de dona Rita – minha avó, meu escudo.

Não obstante de caráter antigo, são os avós que rejuvenescem o mundo.

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E

Ser poeta é estar doente! Mas mais do que estar é declarar doença... Publicação é admitir a doença ao povo, escrever o dia todo: UTI.

Nunca produzi palavra alguma na alegria, até porque alegria é pra se gritar, alegria é o viver cantando. Não dá pra esquecer o quanto um sorriso é bom, mas a tristeza... Ela pede pra ficar no papel! Alegria quando é grande ela sai da gente e se espalha nos sortudos em volta. Tristeza não... Tristeza é solitária, anti social, anômica... Suicida - dos outros. Homicida! Ela gosta da solidão e dos tais cantos escuros, ela gosta e atacar um de cada vez! Maquiavélica ou melhor espertinha... Tristeza sabe que vencer um por um é sempre mais fácil.

Mas tristeza é ingênua também... A pobrezinha não entende que ao jogá-la no papel me livro da bendita. O poeta é um doente mas um doente esperto! Sabe que escrever a tristeza é jogar ela fora, ficar novinho em folha... Mas poeta é doente ingênuo... Não sabe que quando termina tudo e lê o resultado, a tristeza volta ao seu coração de novo...

A tristeza sai pelos olhos e volta por eles também, as vezes as mãos com o lápis ajudam a expulsá-la ou até os gemidos da boca... Mas os olhos... Trazem nossa vilã a cabo mole mole... As vezes vem até salgada... Molhada...

E o poeta é esperto? Ingênuo? Doente? O poeta não é nada, o poeta é só tristeza...

Ou

Na UnB, universidade na qual estudo periodicamente, não perdura mais qualquer espírito jovial. Ela envelheceu. Tá carrancuda. O ICC ficou grisalho. Aceito que ela detém traços novos, como o recente BSA. Mas isso é logo tolhido pelo tradicional RU. A comida lá continua a mesma. O suco é de laranja com gosto de limão. Desses fresquinhos, colhidos em fazendas também frescas. Mas de frescura a UnB não tem nada. Tá acabada. É idosa, precisa de cama. AdemaIs, não vamos nos ater a nuances de invejosos. Prosseguimos com nossa linha.

Esse ponto eu assevero bem. Criada em 1962, a UnB superou ditaduras, eclodiu jovens e, eminentemente, edificou mentes brilhantes. Engenheiros, arquitetos, sociólogos, professores, médicos, todo tipo de presença e função social emana da Universidade de Brasília. Todavia, isso tende ao perecimento sob as ingerências de uma sociedade atrelada ao funcionalismo e à padronização. Não vemos, por mais que se sonde cada alameda de seu ventre, sequer um indivíduo ou grupo que vise o inovador. E, ainda que se, por mágica, insurja dos escombros da levianidade alguma alma fascinante, esta estará logo fadada a reprensão e destinada a ser sucumbida pelo furor da igualdade.

É esse meu infortúnio. Não quero aqui fazer disto um diário ou fonte de reclamações patológicas. Viso aqui, sem mais delongas, esclaracê-los de ventos que tornaram turvos nossos corações e tratarão como entes insignifcantes nossos neurônios. E por falar neles, os meus já queimaram, justo logo quando houve o empobrecimento e a falta de ponderação por partes dos meus concidadãos. Eu estou agora resignado, triste e lívido. E até sinto escárnio em falar de lividez, haja vista que é a única coisa ostensiva que ainda está em voga na UnB.

Gabriel Malheiros
Enviado por Gabriel Malheiros em 08/05/2013
Código do texto: T4280882
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