AHH , O verão
As coisas se desmancham no ar, vontade de trabalhar já não existe; desatina a amargura do olho que reflete o raio da TV, sobram-se sombras, insônias e olheiras no dia seguinte. Pensamos no amanhã e no depois, no sentido de aceitar, o ato de não fazer, de apenas copiar, e (ou) copiar, copiar sempre, quem sabe saberemos hoje a noite porque tanto copiamos .lembro-me de ouvir histórias de um tempo remoto onde as pessoas pensavam , filosofavam , pensavam em um sentimento, ato ou ação . Pensamentos não é a curiosidade momentânea de saber o próximo episódio da novela das nove e menos ainda se o ônibus já passou ou se a chuva vai alcançar antes do abraço da porta.
Parece haver um problema congênito dentro do problema congênito, dentro da cabeça das pessoas, a idéia primeira de não haver nada além dela mesma, um solitário pensamento de silêncio, breu absoluto , de um nirvana patético sem cor , flor ou mito ,apenas a idéia de não se ter nada , de não existir ou saber que não insiste .É uma espécie de força centrípeta que puxa toda e qualquer idéia para um buraco onde não se existe nada ,nem o tempo escapa , nem a vinda ,nem a ida, um limbo , um breu absoluto do talvez.
Puxa e exerce poder, o ser pelo ser, pelo ter, mais rápido e mais prudente, correndo e com raiva para chegar. Chegar a ter um carro, um asfalto, um brinco, flores, ouro, casas. Mais um dia e mais um lugar, hoje, amanhã ou depois, mais um dia pra copiar, pra copiar cabeçalho, pra escolher a roupa limpa no armário, mais um sem pensar, mais um dia a cansar.
É a coerência do incoerente, ou do contrário seria daquilo que não se gosta, daquilo que não se faz daquilo que não se importa daquilo que não se trai , de que não se gosta do que não toca, tenho, pois existo e só existo por isso, por que minto, e nem sei e nem sinto; essa é a lógica da santa da felicidade, uma dialética simples e bondosa da ignorância, que se apresenta em mais um dia, como um cão que desatina no jardim verde e úmido que descansa prontamente pelo sopro da garoa ou da tempestade, abençoadas abelhas que cometeram suicídio pelo instinto da defesa, da salvação que é posta em prova e comprovada em teclas, sobrenomes, maquiagens e propagandas da razão.
É assim que o ‘senhor talvez’ nasce, cheia de esperançosas desesperanças, e covardias encorajadas, o senhor como outro animal, ou quem sabe vegetal, acho que não seria tanto. O ‘’senhor talvez’’ é apenas uma interrogação, no sentido mais obvio e pouco perspicaz desse ponto que interrogar. Ele não narra, não grita ou fala. Ele está ai, está aculá,no ponto mais alto do continente ou na fossa no mar , prejudicando se reproduz vários outros mini’s talvez e talvez um dia ele morra,o pior ainda como natural que talvez ser ele se transforme em outros vícios, ou virtudes,venenos ou medicamentos;mas de uma coisa tenha certeza o ‘senhor talvez’ está pensando no amanhã ou na latinha de cerveja do fim de semana, no que irá jantar mais tarde, da caneta de prata do dia a dia.Quiçá sabe se existi ,quiçá sabe se um dia existiu,’’ quem sabe talvez ,que sabe talvez sem nitidez’’ a banda toca.