Em minhas andanças por Gorobixaba, me deparei com o Hospigo.Curiosa quis desvendar seus segredos.
Depois de pular seus muros altos, senti na pele a eficiência dos enfermeiros em aplicar a camisa de força, me senti uma verdadeira hospede do local, mas queria saber mais e chegar próximo ao diretor.
Afinal essa figura raramente é vista pelos corredores da corte, preferindo ficar recluso em seus estudos e acompanhando seus internos.
Durante o banho de sol, conversei com napoleões, achei ex-presidentes.
Moluscos, Bin Ladens, levei um sermão do Bispo Edir Mais Cedo, que, diga-se de passagem, cobrou pelo serviço.
Foi quando veio um homem barbudo e se apresentou como o diretor da instituição.
Eu estranhei e disse a ele :
- Quem o colocou nesse cargo?

Ele me respondeu:
- Foi Deus!

Quando ouvi um grito dizendo:
-Não fui eu não!
Percebi que não ia ser tarefa fácil achar o diretor, pois ali todo gato parecia pardo.
Ouvi lendas a respeito do nosso diretor, alguns achavam que se transformava em coruja, outros diziam que ele tudo vê na corte.
Mas com certeza era apenas mais uma dos muitos contos a respeito de nosso diretor.
Enquanto estava animada conversando com o Forest Gump, que me contava estórias sobre os sacis que moravam nos jardins do Hospigo.
Percebi certa agitação no pátio, era nosso diretor  com seu jaleco fazendo a inspeção diária.
Ele se aproximou de mim e disse:
- Podia ter usado a porta, pois você é bem vinda aqui... Pensei não é que ele vê tudo mesmo...

Ai ele me convidou para uma atividade junto com os demais internos, cantar o lek lek e depois dançar a Macarena com o Bin Laden.
O que me chamou a atenção foi o prédio do Hospigo, cercado por jardins.
E incontáveis ambientes, cercados de lendas, segredos e loucuras, mas vendo aquele homem dando atividade aos demais, fiquei na duvida se era o diretor ou apenas mais um interno, porque se ele tirar o jaleco, e se misturar vai ser difícil separar.
Aqui existem moradores fixos que jamais caminharão pelas ruas do reino.
E confesso que me senti aliviada quando cruzei os portões de saída, pois já estava me sentindo muito bem entre os internos. Imagina se eu me acostumasse. Só de pensar nisso senti um arrepio. Mas afinal o que e a loucura? Se não um estado diferente do nosso.
No caminho de volta anotei tudo para não esquecer, de mandar um agradecimento ao diretor dizendo:
-Obrigada por não me permitir que eu ficasse nesse jardim.


Deus salve a Rainha! E lhe dê paciencia para nos aguentar!
 

NAYROVA BENEUYENUSTSKY,
Ministra das Crônicas do Reino de Gorobixaba