O leão que come a borboleta que ama
Comer é muito bom. E a fome seja ela de qualquer espécie é inevitavelmente uma companheira... Você come, come e come... Com a certeza de que após algumas horas vai sentir uma vontade incomoda de comer novamente... Acho que nós começamos a sentir uma fome de leão com a visita das espinhas em nossos rostos.
E essa época em nossas vidas é um divisor de águas. Ou vai ser Veado ou leão. Não me atrevo a falar dos veados, pois graças ao bom pai nada sei sobre essa espécie. Já o leão, é um animal sociável que vive em grupos dominantes e naturalmente foi escolhido para ser líder...
A análoga espécie de um rei. O rei da selva, no nosso caso uma selva de pedras.
Possuem hábitos noturnos e crepusculares, descansando e dormindo na maior parte do dia. Pois a noite ele caça para comer.
As presas que se escondam porque o apetite dos leões é “fodasticamente” voraz.
Comemos mesmo e na hora, sem piedade e sem remorso e muita das vezes sem nenhum controle de qualidade. Comemos até sem fome, porque comer é bom pra cacete. Comemos puxando o cabelo da nuca, chamando-as por nomes que nem me atrevo a escrever, não existe delicadeza. E muito menos sentimos vergonha dos gemidos animalescos na hora do banquete. Melhor do que comer é comer duas vezes, comer sem querer nem um abraço, comer sem beijar... Só comer.
Comer sem compromisso relaxa, comer sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro. É gostoso!
Nascemos e passamos uma boa parte das nossas vidas com esse designo da natureza, de que somos inseminadores desvairados de nossa espécie, a fim de proliferarmos a nossa prole nas calçadas do mundo.
Mas um dia uma borboletinha pequenina, é entra em rota de colisão com o desvairado leão.
E ao observar a delicada dança de suas límpidas asas policromáticas que se assemelha a rosas perfumadas...
Aprende que comer e comer muito, paradoxalmente se esvazia.
Por quem come não ganha...
Não ganha um abraço inesperado por traz, não ganha uma parceira para brincar de cabaninha debaixo das cobertas, não ganha um telefonema só para dizer que chegou bem de viagem, não ganha um sorriso sapeca para lhe mostrar a língua, não ganha carinho no braço, não ganha ninguém para cuida de você quando mete o pé na Vodka, não ganha um “vamos dormir encaixadinho”, não ganha um “sou sua fã” (mesmo você não entendendo os motivos)... E mais do que isso, não ganha uma parceria que te RE LA XA , cura o mau humor, ameniza suas crises e
te
faz flutuar...
Depois desse encontro, o leão passa a achar que comer é obsceno, a vida pode ser mais erótica e sensual quando se “faz amor” e que fazer amor sem amor é angustiante, a posição é ridícula e o prazer é fugaz.
Comer não é pornográfico, é selvagem. A maior pornografia que existe é o amor, porque ele acontece quando você não tem pudor de saborear o amado sem cerimônias.
A borboletinha ensina ao leão que o amor é para os corajosos e destemidos. O sexo casual e sem sentimento é coisa de veadinhos...
Depois desse encontro o leão comeu a borboletinha, com a unica diferença de sentir-se saciado, pois ele sabia que comeu amando...
E desse dia em diante o leão como sendo o rei da selva de pedras, declarou que para se sentirem saciados, todos os machos das especies não deveriam comer e sim " fazer amor".