O CÉU DA MINHA INFÂNCIA - Mini crônica
O céu da minha infância não é mais o mesmo. Alguma coisa mudou. As estrelas que pareciam fazer parte de um quadro estático e perene, e que eu admirava nas noites de verão, sentada ao ar livre com meu pai e meu avô, já não estão por lá. Vazios tingem o firmamento onde antes fulgurava o pedaço mais brilhante da Via-Láctea. As Três Marias continuam a ser três, mas fizeram mudança para outro quadrante onde meu olhar ainda alcança. O Cruzeiro do Sul ainda enfeita as noites do meu Rio Grande, mas parece deslocado do seu habitual lugar. "Os céus passarão", das palavras de Jesus, hoje a tecnologia explica. O movimento constante da nossa galáxia, rumo ao infinito, mudou o cenário que eu olhava deslumbrada quando criança. Hoje, enclausurada pelos arranha-céus da selva de pedra, eu apenas espio, vez ou outra, a noite escura e diferente. Uma confirmação visual de que nada é estático no Universo e que nossa nave-mãe Terra nos conduz, continuamente, para novos cenários, acompanhando, milimetricamente, a dança luminosa dos astros.