Meu filho, hoje é um dia como outro qualquer. Estava em minha rede, sozinho, pensando, relembrando. Como você sabe, eu não gosto de ligar para esse negócio de celular. Até esqueço que não é mais possível. Mas, estou com saudade. Há muito tempo, não consigo conversar. Quais são as novidades?
Vejo que tem olhado para mim, para minha imagem, com um ar triste. Quando vem pelos corredores, fingindo que vai checar cada janela, apagar todas as luzes do prédio, e prostra-se diante de minha imagem, percebo que seus olhos se perdem, marejam. O olhar quer atravessar a grande foto, numa busca por movimentos, gestos, palavras. Imaginando, talvez, possibilidades tão transcendentais, como a minha visita à livraria.
Até me arrepio, ao concebê-la. Certamente, eu dirigiria meu Fiat velhinho, estacionaria na minha vaga. Puxaria o freio de mão, estralando suas catracas de forma estridente. Escancararia a porta, para melhor me posicionar e sair do veículo. Sentando-me lateralmente, puxaria minha muleta, sempre bem encaixada na lateral do banco.
Nesta chegada imaginada, antes de finalizar meu “caqueado” ritual para levantar-me do banco, já percebo sua aproximação. É real, meu filho. Caminhamos, juntos, com pequenos passos. Você me oferece, como sempre, apoio para andar. Acompanha-me a passos menores. Noto que consegue sentir o peso de minha mão a tocar-lhe o braço.
Seu olhar cuidadoso varre o chão que pisamos. Abre-se a porta de vidro. Meu livro de memórias está bem destacado, logo na entrada. Há uma seção exclusiva para autores potiguares, por aqui! Nem consigo ter ideia do tamanho da festa, nem do tamanho da emoção. Ao adentrar nesta maravilhosa livraria, antes de qualquer conversa, eu perguntarei pelo movimento, com certeza. Está dando certo, meu filho? Sabe como eu me preocupo.
Vou cobrar a banda de música. Que toque Royal Cinema, de Tonheca Dantas, e encha o ambiente com entusiasmo. Eu saudarei a todos, daquele jeito. Uma palavra, tratamento especial para cada um. Elegerei muitos diretores superintendentes na Nobel, em cada um de seus recantos. Você conhece minha empolgação. Nada consegue detê-la.
Da mesma forma, como nada conseguirá me afastar da sua vida. Lembre-se disso. Perceba que o sentir dos aromas mais cativantes, das cores mais harmoniosas, dos sons mais melodiosos; o folhear de um dos meus livros; ou o recontar de minhas histórias; tudo restabelecerá minha memória, e relembrará a força do Amor que une PAI e FILHO.
Assim, exatamente dessa forma que está imaginando, o seu coração e suas lembranças me trazem para este encontro. Não quero repreender o seu choro, este resquício de dor que não consegue se desimpregnar da saudade. Estou aqui! Você sabe que sou meio desajeitado para beijos e abraços. Seus acenos e olhares abandonados, seus gestos amorosos parecem encontrar, somente, o vazio. Mas, tenha a certeza de que posso retribuí-los.
Sou seu pai. Nós, os pais, temos a capacidade de estar onde os filhos querem e precisam que estejamos.
Vejo que tem olhado para mim, para minha imagem, com um ar triste. Quando vem pelos corredores, fingindo que vai checar cada janela, apagar todas as luzes do prédio, e prostra-se diante de minha imagem, percebo que seus olhos se perdem, marejam. O olhar quer atravessar a grande foto, numa busca por movimentos, gestos, palavras. Imaginando, talvez, possibilidades tão transcendentais, como a minha visita à livraria.
Até me arrepio, ao concebê-la. Certamente, eu dirigiria meu Fiat velhinho, estacionaria na minha vaga. Puxaria o freio de mão, estralando suas catracas de forma estridente. Escancararia a porta, para melhor me posicionar e sair do veículo. Sentando-me lateralmente, puxaria minha muleta, sempre bem encaixada na lateral do banco.
Nesta chegada imaginada, antes de finalizar meu “caqueado” ritual para levantar-me do banco, já percebo sua aproximação. É real, meu filho. Caminhamos, juntos, com pequenos passos. Você me oferece, como sempre, apoio para andar. Acompanha-me a passos menores. Noto que consegue sentir o peso de minha mão a tocar-lhe o braço.
Seu olhar cuidadoso varre o chão que pisamos. Abre-se a porta de vidro. Meu livro de memórias está bem destacado, logo na entrada. Há uma seção exclusiva para autores potiguares, por aqui! Nem consigo ter ideia do tamanho da festa, nem do tamanho da emoção. Ao adentrar nesta maravilhosa livraria, antes de qualquer conversa, eu perguntarei pelo movimento, com certeza. Está dando certo, meu filho? Sabe como eu me preocupo.
Vou cobrar a banda de música. Que toque Royal Cinema, de Tonheca Dantas, e encha o ambiente com entusiasmo. Eu saudarei a todos, daquele jeito. Uma palavra, tratamento especial para cada um. Elegerei muitos diretores superintendentes na Nobel, em cada um de seus recantos. Você conhece minha empolgação. Nada consegue detê-la.
Da mesma forma, como nada conseguirá me afastar da sua vida. Lembre-se disso. Perceba que o sentir dos aromas mais cativantes, das cores mais harmoniosas, dos sons mais melodiosos; o folhear de um dos meus livros; ou o recontar de minhas histórias; tudo restabelecerá minha memória, e relembrará a força do Amor que une PAI e FILHO.
Assim, exatamente dessa forma que está imaginando, o seu coração e suas lembranças me trazem para este encontro. Não quero repreender o seu choro, este resquício de dor que não consegue se desimpregnar da saudade. Estou aqui! Você sabe que sou meio desajeitado para beijos e abraços. Seus acenos e olhares abandonados, seus gestos amorosos parecem encontrar, somente, o vazio. Mas, tenha a certeza de que posso retribuí-los.
Sou seu pai. Nós, os pais, temos a capacidade de estar onde os filhos querem e precisam que estejamos.