Minha Santa Lúzia!
Como me orgulhava da minha visão! Todo ano fazia a minha visita ao oftalmologista e ouvia ele dizer, "Parabéns Patricia! Se quiser pilotar um Concorde, vai fundo por que você tá podendo!"
Eu ficava super feliz com o comentário (aliás, adoro um comentário! ;) Principalmente aqui no Recanto!). Saí do consultório feliz da vida fazendo uma pequena oração silenciosamente à minha Santa Luzia, Protetora Dos Olhos, agradecendo por tudo ter ocorrido bem no meu check up anual.
Mas, nem sempre foi assim. Quando eu tinha uns 5 ou 6 anos, meus olhos viviam lacrimejando por causa do tersol. Ficavam vermelhos, coçavam e aquela bolhinha que surgia bem pertinho do canal da lágrima atrapalhava por demais e não conseguia enxergar nada. Meus olhos melavam e eu ficava de molho em casa por um ou dois dias.
Minha Mãe trabalhava num fábrica de tintas chamada "COOK & DUNN" em New Jersey. Os donos tinham um grande quadro de funcionárias, maioria era de imigrantes. Minha Mãe fez inúmeras amizades com algumas das 'meninas' portuguesas, cubanas, italianas, porto-riquenhas, espanholas e também brasileiras. Uma das suas melhores amigas era uma cubana, a Victória, ou simplesmente, Vickey. A Vickey era muito divertida, debochada e engraçada. Sempre que vinha nos visitar trazia algo pra mim: uma boneca, roupa pra minha Barbie, um docinho ... A Vickey usava o cabelo assim igual a Amy Winehouse. Quando vi a Amy pela primeira vez, logo me lembrei da Vickey. O cabelo igualzinho, até na cor negra que lembrava um corvo.
Um dia, a Vickey apareceu lá em casa e viu o meu olho enchado e lacrimejando. Ela virou pra minha Mãe e disse, "Ana, você precisa fazer promessa pra Santa Lúzia, e já! Olha o olho da menina! Que horror!" A minha Mãe falou que vira e mexe o meu olho ficava daquele jeito, principalmente na primavera que é entre março e junho nos EUA. O médico havia dito que era um tipo de alergia que me atacava além também das bactérias. Mas a sua amiga insistiu e reforçou o conselho: "FAÇA PROMESSA À SANTA LÚZIA!" Vickey falou da fé que tinha na santa e de como a santa era muito amada na sua terra, a ilha de Fidel Castro. A Vickey então falou, "Vou à Cuba e trago a medalha mais bonita de lá pra acabar com este seu tersol de vez! Você vai ver minha linda!"
Minha medalha dos olhos de Santa Lúzia.
A medalha chegou e minha Mãe ao vê-la gelou. Perguntou à Vickey se era louca! Uma medalha de ouro daquele tamanho pra uma menina!? Minha Mãe disse que não poderia aceitar a não ser que a Vickey recebesse a quantia que havia pago pois não queria abusar da amizade dela. Vickey aceitou a condição.
E assim, ao chegar em casa, minha Mãe me deu o lindo presente que curaria o maldito tersol: uma medalha de ouro com os olhos de fogo de Santa Lúzia.
No dia seguinte, com a minha medalha num cordão de ouro que minha avó havia enviado de São Paulo, fui à escola mas qual não foi a minha surpresa quando a Irmã Mary mandou tirar o meu cordão com a medalha! A freira estava horrorizada! E eu sem ideia porque. Ela começou a falar em tom alto e meio que histérico que eu estava com algo de vudu ao redor meu do pescoço e que isto era blasfêmia. Imagine só! Uma aluna filha de imigrantes com vudu na escola católica de origem irlandesa de São Patrício! Só não falou em macumba por ignorar os outros culto existentes que eram bem mais do que o vudu do Caribe. Só sei que retirei o colar e ao seu pedido entreguei o cordão à ela no ato. Com sua voz bem seca e severa ela bufou, "Se quiser o colar com a medalha de volta, diga à sua mãe ou pai vir buscar aqui na Diretoria junto à Madre Superiora." Nunca vou esquecer este dia por que foi a primeira vez que sofri bullying dos meus colegas de sala e eu estava apenas no primeiro ano. Queria morrer de tanta constrangimento!
Logo cedo da manhã seguinte, antes de ir ao batente, minha Mãe compareceu à escola e foi ter a tal conversa com a Madre Superiora que também se chamava Patricia. A Madre questionou a medalha e a minha Mãe respondeu que era uma imagem simbólica dos olhos de Santa Lúzia que protege os seus devotos. A Madre ficou chocada. Como pode uma mulher afirmar que uma medalhinha de nada com duas pedras vermelhas pode oferecer proteção!? A minha Mãe respondeu que ela já tinha visto o Padre Piatkowski benzer uma medalha que tinha um pedacinho de madeira que supostamente veio da cruz de Jesus lá em Jerusalém e diziam fazer milagres. Além do mais a escola estava enfeitada com 'leprachauns', os duendes verdes que habitam a Irlanda. Não seriam estes seres maldosos que enganam o homem e sempre estão em busca do pote de ouro? A Madre perdeu o rebolado mas não perdeu a batalha contra aquela imigrante bocuda. A corrente com a medalha foram devidamente devolvidas e a Madre exigiu que não me deixasse aparecer na escola com aquela medalha demônica. Jamais!!! Dito e feito. Nunca mais usei a minha medalha na escola. Never again! Mas no domingo, minha Mãe pediu ao Padre Piatkowski para benzer a medalha. Ele benzeu os meus olhos de Santa Luzia que estavam na corrente no meu pescoço sem se queixar de nada, talvez por ter notado o quanto significava pra minha Mãe. Assim, a medalha era usada sempre em todos os lugares, menos na escola.
Creio que a devoção da minha Mãe pela Santa Lúzia era tão grande que nunca mais tive tersol nem olhos melequentos.
Mesmo com tanta convicção na minha Santa Lúzia, não pude evitar de usar óculos. O meu oftal disse que é inevitável mesmo com a chegada da idade. Aos 46 anos comecei a usar óculos. Creio que mais por ter corrigido 500 provas nos finais de semana e também por ter ficado horas no PC da escola sem protetor de tela. Outro vilão: leitura dentro do ônibus. Ler quando em movimento não pode! Muito tarde pra mim mas se você pratica isto, melhor parar!
Por três vezes tentaram roubar a minha medalha. A primeira vez foi na Ladeira da Memória no Centro de SP. O homem arrancou a minha corrente, correu e se perdeu naquele mar de gente que pega o Metrô. Fui até Santo Amaro com a maior cara de infeliz e ao chegar na empresa onde lecionava o pessoal perguntou porque a cara de velório. Respondi que tinha perdido a minha medalha no caminho pro trabalho. Todos conheciam a medalha por que vivia ao redor do meu pescoço. Nunca fui à aula sem a corrente com a medalha. Creio que entenderam a razão pelo carão agora. Mas, na minha ida ao banheiro feminino me peguei coçando o meu vãozinho e lá no aconchego dos meus seios .... Voilá! Minha medalha da Santa Lúzia!
A segunda vez foi na Praça da Bandeira bem pertinho da Ladeira da Memória. Um moleque apareceu do nada, arrancou a minha corrente do meu pescoço e saiu correndo. Quando dei um passo pra ir atrás dele, um senhor numa cadeira de rodas disse bem alto, "Nem pensa em correr atrás! Deve ter comparsas com ele que vão lhe derrubar assim que começar a correr." Olhei pro homem que estava com seu enfermeiro que mais parecia guarda-costas. Refleti rapidamente e resolvi não arriscar. Muito sentida, pensei: a corrente, tudo bem, comprava outra mas, e minha medalha que já tinha uns trinta e poucos anos àquela altura da minha vida!? Jamais teria outra igual. O senhor e o enfermeiro dele perguntaram se tudo estava bem. Repondi que não. Havia perdido uma preciosidade, a minha medalha da Santa Lúzia. O homem na cadeira de rodas apenas respondeu, "Eu perdi bem menos e acabei numa cadeira de rodas. Melhor você se contentar que tá viva garota! A corrente poderia ter cortado o seu pescoço com aquela força toda que o moleque arrancou. Estaria estendida agora nesta calçada." Meu senhor todo poderoso! Nem havia pensando nesta probabilidade.
Enquanto eu viajava na imagem de euzinha esticada naquela calçada, o enfermeiro do senhor apontou para algo cintilante no chão. Olhei e qual não era a minha surpresa ao ver que era a minha medalha!!! Ah! A corrente se foi mas, a medalha caiu no chão quando o ladrãozinho saiu correndo!
Ao voltar pra casa no fim daquela tarde, contei o ocorrido à minha Mãe e ela me deu uma nova corrente para pôr a minha medalha.
A terceira vez foi na feira das Perdizes na Rua Caiubi. Mais uma vez um moleque arrancou a medalha e saiu disparado no meio da multidão e barracas. Só ouvi os feirantes gritando, "Pega ladrão! Pega Ladrão!" Desta vez a medalha se foi pra valer! Xinguei aquele FDP mirim e joguei praga nele. Silenciosamente falei com Santa Lúzia: "Melhor ele não fazer nenhuma maldade contigo minha Santa. Que ele não venda você lá na galeria da 24 de Maio por preço de banana pra comprar droga. Que ele não te desova num ourives de quinta e trambiqueiro pra te derreter ... ". Só sei que a feira daquela quinta foi triste, devastadoramente triste. Nem meu pastel de palmito eu comi.
Uma semana depois, na mesma feira na Rua Caiubi, onde meus pais moravam, por volta das 10:30 ...
"Ah! Mas o que é isto aqui?", disse a minha Mãe. Ela estava checando a caixa de correspondência e lá dentro havia um envelope meio sujo com um papel amassado contendo o quê? A minha medalha oras! Ninguém acreditou! No papel havia algo escrito numa caligrafia tremula:
"Pesso desculpas por que levei a medalha. Desde semana passada, minha vida só deu errada. Achei melhor devolver. Perdão."
Capela do Menino Jesus que abriga a imagem de Santa Luzia.
Quando morava em São Paulo, sempre que dava na telha, minha Mãe e eu íamos à Capela do Menino Jesus bem pertinho da Catedral da Sé. É nesta capela onde os devotos se reunem todo dia 13 de dezembro que é o dia da santa. Desde as primeiras horas do dia, a capelinha recebe um grande número de fieis que transbordam pelos cantos e corredores. O hino da santa é fevorosamente cantado enquanto velas acesas de todos os tamanhos são oferecidas à santa e os padres benzem os olhos dos fiéis, na sua grande maioria mulheres, bebês de colo e crianças em busca de alguma cura dos olhos. Ao transitar pela capela você ouve cada estória inacreditável de fiéis que tinham glaucoma, foram feridos nos olhos, nasceram com algum problema na visão, etc contam ou deixam por escrito seus relatos para divulgar o poder da fé na Santa Lúzia.
Eu ficava super feliz com o comentário (aliás, adoro um comentário! ;) Principalmente aqui no Recanto!). Saí do consultório feliz da vida fazendo uma pequena oração silenciosamente à minha Santa Luzia, Protetora Dos Olhos, agradecendo por tudo ter ocorrido bem no meu check up anual.
Mas, nem sempre foi assim. Quando eu tinha uns 5 ou 6 anos, meus olhos viviam lacrimejando por causa do tersol. Ficavam vermelhos, coçavam e aquela bolhinha que surgia bem pertinho do canal da lágrima atrapalhava por demais e não conseguia enxergar nada. Meus olhos melavam e eu ficava de molho em casa por um ou dois dias.
Minha Mãe trabalhava num fábrica de tintas chamada "COOK & DUNN" em New Jersey. Os donos tinham um grande quadro de funcionárias, maioria era de imigrantes. Minha Mãe fez inúmeras amizades com algumas das 'meninas' portuguesas, cubanas, italianas, porto-riquenhas, espanholas e também brasileiras. Uma das suas melhores amigas era uma cubana, a Victória, ou simplesmente, Vickey. A Vickey era muito divertida, debochada e engraçada. Sempre que vinha nos visitar trazia algo pra mim: uma boneca, roupa pra minha Barbie, um docinho ... A Vickey usava o cabelo assim igual a Amy Winehouse. Quando vi a Amy pela primeira vez, logo me lembrei da Vickey. O cabelo igualzinho, até na cor negra que lembrava um corvo.
Um dia, a Vickey apareceu lá em casa e viu o meu olho enchado e lacrimejando. Ela virou pra minha Mãe e disse, "Ana, você precisa fazer promessa pra Santa Lúzia, e já! Olha o olho da menina! Que horror!" A minha Mãe falou que vira e mexe o meu olho ficava daquele jeito, principalmente na primavera que é entre março e junho nos EUA. O médico havia dito que era um tipo de alergia que me atacava além também das bactérias. Mas a sua amiga insistiu e reforçou o conselho: "FAÇA PROMESSA À SANTA LÚZIA!" Vickey falou da fé que tinha na santa e de como a santa era muito amada na sua terra, a ilha de Fidel Castro. A Vickey então falou, "Vou à Cuba e trago a medalha mais bonita de lá pra acabar com este seu tersol de vez! Você vai ver minha linda!"
Minha medalha dos olhos de Santa Lúzia.
A medalha chegou e minha Mãe ao vê-la gelou. Perguntou à Vickey se era louca! Uma medalha de ouro daquele tamanho pra uma menina!? Minha Mãe disse que não poderia aceitar a não ser que a Vickey recebesse a quantia que havia pago pois não queria abusar da amizade dela. Vickey aceitou a condição.
E assim, ao chegar em casa, minha Mãe me deu o lindo presente que curaria o maldito tersol: uma medalha de ouro com os olhos de fogo de Santa Lúzia.
No dia seguinte, com a minha medalha num cordão de ouro que minha avó havia enviado de São Paulo, fui à escola mas qual não foi a minha surpresa quando a Irmã Mary mandou tirar o meu cordão com a medalha! A freira estava horrorizada! E eu sem ideia porque. Ela começou a falar em tom alto e meio que histérico que eu estava com algo de vudu ao redor meu do pescoço e que isto era blasfêmia. Imagine só! Uma aluna filha de imigrantes com vudu na escola católica de origem irlandesa de São Patrício! Só não falou em macumba por ignorar os outros culto existentes que eram bem mais do que o vudu do Caribe. Só sei que retirei o colar e ao seu pedido entreguei o cordão à ela no ato. Com sua voz bem seca e severa ela bufou, "Se quiser o colar com a medalha de volta, diga à sua mãe ou pai vir buscar aqui na Diretoria junto à Madre Superiora." Nunca vou esquecer este dia por que foi a primeira vez que sofri bullying dos meus colegas de sala e eu estava apenas no primeiro ano. Queria morrer de tanta constrangimento!
Logo cedo da manhã seguinte, antes de ir ao batente, minha Mãe compareceu à escola e foi ter a tal conversa com a Madre Superiora que também se chamava Patricia. A Madre questionou a medalha e a minha Mãe respondeu que era uma imagem simbólica dos olhos de Santa Lúzia que protege os seus devotos. A Madre ficou chocada. Como pode uma mulher afirmar que uma medalhinha de nada com duas pedras vermelhas pode oferecer proteção!? A minha Mãe respondeu que ela já tinha visto o Padre Piatkowski benzer uma medalha que tinha um pedacinho de madeira que supostamente veio da cruz de Jesus lá em Jerusalém e diziam fazer milagres. Além do mais a escola estava enfeitada com 'leprachauns', os duendes verdes que habitam a Irlanda. Não seriam estes seres maldosos que enganam o homem e sempre estão em busca do pote de ouro? A Madre perdeu o rebolado mas não perdeu a batalha contra aquela imigrante bocuda. A corrente com a medalha foram devidamente devolvidas e a Madre exigiu que não me deixasse aparecer na escola com aquela medalha demônica. Jamais!!! Dito e feito. Nunca mais usei a minha medalha na escola. Never again! Mas no domingo, minha Mãe pediu ao Padre Piatkowski para benzer a medalha. Ele benzeu os meus olhos de Santa Luzia que estavam na corrente no meu pescoço sem se queixar de nada, talvez por ter notado o quanto significava pra minha Mãe. Assim, a medalha era usada sempre em todos os lugares, menos na escola.
Creio que a devoção da minha Mãe pela Santa Lúzia era tão grande que nunca mais tive tersol nem olhos melequentos.
Mesmo com tanta convicção na minha Santa Lúzia, não pude evitar de usar óculos. O meu oftal disse que é inevitável mesmo com a chegada da idade. Aos 46 anos comecei a usar óculos. Creio que mais por ter corrigido 500 provas nos finais de semana e também por ter ficado horas no PC da escola sem protetor de tela. Outro vilão: leitura dentro do ônibus. Ler quando em movimento não pode! Muito tarde pra mim mas se você pratica isto, melhor parar!
Por três vezes tentaram roubar a minha medalha. A primeira vez foi na Ladeira da Memória no Centro de SP. O homem arrancou a minha corrente, correu e se perdeu naquele mar de gente que pega o Metrô. Fui até Santo Amaro com a maior cara de infeliz e ao chegar na empresa onde lecionava o pessoal perguntou porque a cara de velório. Respondi que tinha perdido a minha medalha no caminho pro trabalho. Todos conheciam a medalha por que vivia ao redor do meu pescoço. Nunca fui à aula sem a corrente com a medalha. Creio que entenderam a razão pelo carão agora. Mas, na minha ida ao banheiro feminino me peguei coçando o meu vãozinho e lá no aconchego dos meus seios .... Voilá! Minha medalha da Santa Lúzia!
A segunda vez foi na Praça da Bandeira bem pertinho da Ladeira da Memória. Um moleque apareceu do nada, arrancou a minha corrente do meu pescoço e saiu correndo. Quando dei um passo pra ir atrás dele, um senhor numa cadeira de rodas disse bem alto, "Nem pensa em correr atrás! Deve ter comparsas com ele que vão lhe derrubar assim que começar a correr." Olhei pro homem que estava com seu enfermeiro que mais parecia guarda-costas. Refleti rapidamente e resolvi não arriscar. Muito sentida, pensei: a corrente, tudo bem, comprava outra mas, e minha medalha que já tinha uns trinta e poucos anos àquela altura da minha vida!? Jamais teria outra igual. O senhor e o enfermeiro dele perguntaram se tudo estava bem. Repondi que não. Havia perdido uma preciosidade, a minha medalha da Santa Lúzia. O homem na cadeira de rodas apenas respondeu, "Eu perdi bem menos e acabei numa cadeira de rodas. Melhor você se contentar que tá viva garota! A corrente poderia ter cortado o seu pescoço com aquela força toda que o moleque arrancou. Estaria estendida agora nesta calçada." Meu senhor todo poderoso! Nem havia pensando nesta probabilidade.
Enquanto eu viajava na imagem de euzinha esticada naquela calçada, o enfermeiro do senhor apontou para algo cintilante no chão. Olhei e qual não era a minha surpresa ao ver que era a minha medalha!!! Ah! A corrente se foi mas, a medalha caiu no chão quando o ladrãozinho saiu correndo!
Ao voltar pra casa no fim daquela tarde, contei o ocorrido à minha Mãe e ela me deu uma nova corrente para pôr a minha medalha.
A terceira vez foi na feira das Perdizes na Rua Caiubi. Mais uma vez um moleque arrancou a medalha e saiu disparado no meio da multidão e barracas. Só ouvi os feirantes gritando, "Pega ladrão! Pega Ladrão!" Desta vez a medalha se foi pra valer! Xinguei aquele FDP mirim e joguei praga nele. Silenciosamente falei com Santa Lúzia: "Melhor ele não fazer nenhuma maldade contigo minha Santa. Que ele não venda você lá na galeria da 24 de Maio por preço de banana pra comprar droga. Que ele não te desova num ourives de quinta e trambiqueiro pra te derreter ... ". Só sei que a feira daquela quinta foi triste, devastadoramente triste. Nem meu pastel de palmito eu comi.
Uma semana depois, na mesma feira na Rua Caiubi, onde meus pais moravam, por volta das 10:30 ...
"Ah! Mas o que é isto aqui?", disse a minha Mãe. Ela estava checando a caixa de correspondência e lá dentro havia um envelope meio sujo com um papel amassado contendo o quê? A minha medalha oras! Ninguém acreditou! No papel havia algo escrito numa caligrafia tremula:
"Pesso desculpas por que levei a medalha. Desde semana passada, minha vida só deu errada. Achei melhor devolver. Perdão."
Capela do Menino Jesus que abriga a imagem de Santa Luzia.
Quando morava em São Paulo, sempre que dava na telha, minha Mãe e eu íamos à Capela do Menino Jesus bem pertinho da Catedral da Sé. É nesta capela onde os devotos se reunem todo dia 13 de dezembro que é o dia da santa. Desde as primeiras horas do dia, a capelinha recebe um grande número de fieis que transbordam pelos cantos e corredores. O hino da santa é fevorosamente cantado enquanto velas acesas de todos os tamanhos são oferecidas à santa e os padres benzem os olhos dos fiéis, na sua grande maioria mulheres, bebês de colo e crianças em busca de alguma cura dos olhos. Ao transitar pela capela você ouve cada estória inacreditável de fiéis que tinham glaucoma, foram feridos nos olhos, nasceram com algum problema na visão, etc contam ou deixam por escrito seus relatos para divulgar o poder da fé na Santa Lúzia.
Sabe, sempre digo que ACREDITO no bem. Tem gente que dá risada na minha cara mas, ligo não. Porque deveria? Por que eu tenho Santa Lúzia sempre comigo! E com ela, EU POSSO!
Creio piamente que Deus é o Criador do Mundo e também que Ele inventou o empreendedorismo. Quando Deus está sobrecarregado com as queixas do mundo, Ele delega. Seus anjos e querubins, e também os santos recebem alguns fardos para carregar e resolver. Por mais este motivo sou devota de Santa Lúzia. Ela é minha intercessora junto ao Pai. Acha mesmo que Deus iria se sufocar com tantas queixas e pedidos que recebe todo dia se Ele pode delegar? Ahhh tá! ; )
Creio piamente que Deus é o Criador do Mundo e também que Ele inventou o empreendedorismo. Quando Deus está sobrecarregado com as queixas do mundo, Ele delega. Seus anjos e querubins, e também os santos recebem alguns fardos para carregar e resolver. Por mais este motivo sou devota de Santa Lúzia. Ela é minha intercessora junto ao Pai. Acha mesmo que Deus iria se sufocar com tantas queixas e pedidos que recebe todo dia se Ele pode delegar? Ahhh tá! ; )