Falando sério

FALANDO SÉRIO

(crônica publicada na "Revista Oficial do Avaí F. C.", nº 18, de março-abril de 2013)

Antes de qualquer palavra, não custa repetir o que os adversários sabem e choram por não terem como ignorar: até 19 de maio, dia do segundo jogo da final deste Estadual, o campeão catarinense é o Avaí. E nada proíbe que 2013 seja o segundo ano do nosso tetracampeonato. Nem mesmo o fato de que, de Santa Catarina, metade dos times disputa as séries A e B do Brasileirão e as outras cinco equipes brigam por uma vaga na Série D.

Como nem tudo é perfeito, sofremos ainda a síndrome de 2012, de um ataque que não produz gols. Centroavantes artilheiros em outros clubes só tornam a marcar depois que saem do Avaí. Deve haver tratamento para isso. Ou, por outra, deve haver algum centroavante por aí, talvez por aqui, que não tome conhecimento dessa síndrome e saia fazendo gols da forma como dão os cocos: às pencas.

Títulos estaduais são ótimos (e são ótimos e saborosos justamente porque conquistados às custas de todos os rivais), o campeonato na Copa do Brasil e o retorno à Série A, igualmente missões e sonhos para este ano, serão fantásticos, pois teremos a Ressacada com grandes jogos e grandes públicos contra adversários de respeito no cenário nacional e até internacional, teremos os nossos craques desfilando suas virtudes e categorias por vitrinas de primeira linha e teremos mais dinheiro circulando pelas finanças do Clube.

Isto é o que faz a grandeza de um clube de futebol: títulos, estádio, torcida, craques e dinheiro - o resto acontece, é decorrência desse conjunto básico de valores.

Desses valores, torcida talvez seja o mais sensível deles, o que possivelmente mereça a maior atenção por parte da diretoria, dos funcionários e dos atletas: não a torcida em si, bem entendido (apesar do inegável respeito que a torcida toda merece), mas a formação de torcida, ou seja, a conquista de novos torcedores que sejam entusiastas do Clube.

O importante, pois, é o Avaí empolgar os torcedores que vêm morar em Santa Catarina e, especialmente, vestir de azul e branco a garotada que nasce e vive aqui, os filhos dessa gente vinda de fora que torce por suas equipes originais e gostaria de ver seus meninos e meninas seguir-lhe os passos da mesma forma como uma família de médicos não admite que alguém dela nascido possa sonhar com os palcos, por exemplo, como meio de vida e profissão.

No mais, é lotarmos a Ressacada e torcer pelo bicampeonato, título que somente o Avaí poderá conquistar em 2013.

(Amilcar Neves é avaiano, integra a Academia Catarinense de Letras e tem oito livros de ficção publicados)