Inventário com o rosto
Destas criaturas que sonham com a arte, valendo-se dela para esteticizar com poder felino o mundo ao seu redor. Sedento para bancar o mágico, rir até mesmo do impossível a ser alcançado.
Ampliar no sujeito as singularidades anexadas ao pano de fundo da grandeza.
Desconhecemos quem jamais tivesse almejado de si algo mais como ter sentido em seu rosto o hálito do sucesso trescalado pelo mito.
Num minuto temos a mão os efeitos compartilhados dos incensados pintores, excelsos gogós, galácticos atores, sobrenaturais artistas. Da ordem genial certa aromática lembrança do caminho conjunto fortalece. Depois suportamos no espelho da realidade o quanto jamais haverá elogio saudável, nem ninguém surpreenderá a evidência com profecia como sentença real de sensibilidade comprovada.
Bem como artistas maiores realçam sua humildade, elogiando, incentivando, demonstrando a facilidade de seus primorosos agrados, cede-se a esta inatural conjetura: ser árido e maduro. Resta somente o lado maior heroico, posto que comovido, mas ainda alegre pela supremacia de ter tentado.
Rasca-se o cavaquinho sem corda com a mesma ilusão de sambista excepcionalmente bem-sucedido. Criador o homem sonha com o sobrenatural voando sobre etéreos caminhos. Certo dia bate á porta o vento sendo recebido pelo suor do rosto em diálogo com a realidade imediata. Filhos, esposa, dívidas do cartão, neto palmilhando o tapete.