GeralDudu.
Abril é o mês mais bonito de ano e ele se foi e eu quase nem vi. Tanto a lua quanto o sol ficaram distantes e eu nem os conseguia ver pelas frestas porque nem frestas havia. E agora chegou maio, que nunca me fascinou apesar de tantas datas comemorativas, tantos aniversários de amigos e familiares, ritos de passagem – foi exatamente em maio que oficialmente comecei a trabalhar pela primeira vez, como professora, em um então Grupo Escolar Estadual, o Oscar Botelho, recentemente inaugurado. Fui a última a ser chamada de toda a minha turma e das turmas de outras escolas. Motivo político é claro. Meu pai era político da Oposição.
Meu pai, ah, meu pai! Nasceu no dia 21 de maio e naquele ano esperava seu décimo filho. Já éramos nove, sete mulheres e dois homens e esperávamos ansiosamente pelo irmãozinho que haveria de chegar. Nós escolhemos o nome, não sei exatamente quem escolheu e na verdade nem me lembro qual foi o nome escolhido. E aí a surpresa – o menino foi nascer exatamente no dia do aniversário de nosso pai.
Empolgados esperávamos a chegada do menino, mas a surpresa chegou primeiro – como havia nascido no mesmo mês e dia que ele, o pai da criança, responsável pelo registro, chegou à óbvia conclusão – a criança deveria ter o nome dele: Geraldo. Frustrados por não termos nossa escolha respeitada, entramos em choque e decidimos que de uma forma ou outra nossa vontade seria respeitada. Depois de muito choro, muita birra e muitas opções testadas, uma nova criança surgia – o nosso irmão caçula Dudu. Nem mesmo o meu pai nunca o chamou por outro nome que não esse: Dudu. Só a família dele, suas irmãs e sobrinhos o chamaram e ainda o chamam de Geraldinho.
Acontece que as pessoas que só o conheceram mais tarde, como agora, e que acham estarem forçando a intimidade chamando-o de Dudu o chamam de Sr Eduardo Melo. Ele mesmo, quando perguntam seu nome, responde: Dudu Melo.
E é assim que nasceu mais uma história de família, boa de contar.