Lena andava pela casa observando os objetos e a disposição dos móveis. Tudo estava no lugar. Não sabia o porquê da inquietação. Uma música tocava no vizinho.

“Se amanhã não for nada disso...caberá só a mim esquecer. O que eu ganho, o que eu perco...Ninguém precisa saber.” Ouvir Lulu Santos era sempre bom. De repente essa letra faça algum sentido hoje.

Dormir agora seria um problema . Na verdade sempre foi. De repente uma meditação possa reverter temporariamente esse incômodo. Umas frases de Buda, Chico Xavier, Heráclito, Sócrates, Madre tereza ou Porta dos Fundos no youtube reduza sua insônia. O umidificador já está ligado, ventilador de teto, cortinas da janela fechada, porta da sacada aberta, celulares programados para despertar, impressora desligada, copos retirados da cama. Acho que é isso.

O sentido é não fazer sentido.

Daqui umas horas recomeça tudo novamente: acordar, pegar o celular que desperta sem parar, levantar de olhos entreabertos, colocar o chinelo do mickey, escovar os dentes sem saber ao certo o que está acontecendo, dar uma breve olhada no cabelo e esboçar um: arghhhh!!

A parte do banho é um começo bom. A água que cai vai levando pelo ralo toda melancolia da madrugada. Parece que as gostas emitem som. Elas dizem que posso fazer tudo diferente. Exatamente como havia alertado na manhã anterior. As vezes ouço. Na maioria das vezes ignoro.

Inquietações são partes positivas da vida. É como uma sirene que nos alerta que algo vai mal do lado de dentro. Aí é preciso parar e tentar entender. Não há como programar emoções. Elas estão lá -  barulhentas e arruaceiras.

O jeito é ir tocando em frente. 
 
 
 
 
Ana Liszt
Enviado por Ana Liszt em 03/05/2013
Reeditado em 03/05/2013
Código do texto: T4271560
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