Nada...

Uma noite dessas, como de costume, resolvi escrever algumas palavras; refletir sobre alguma coisa que me viesse à cabeça. Então me sentei em minha poltrona de couro favorita, na varanda de minha casa, em frente a um mar maravilhoso. Ao fundo, uma melodia suave, daquelas que acalmam a alma e tranquilizam o coração; além é claro, do meu inseparável caderno de notas. Um clima muito apropriado para se escrever algo, não é?

Que nada! Não sei que diabos aconteceu comigo naquela noite. Minha mente parecia tão desprovida de todos e quaisquer pensamentos, que em certos momentos sentia como se a brisa vinda do mar fizesse ressonância dentro da minha cabeça. Tentei escrever sobre as pessoas, o tempo, sobre tudo e até sobre o nada. E nada! Nada permanecia mais do que dois segundos naquela cabeça oca. E eu continuava ali sentado, com algumas folhas de papel nas mãos, esperando um milagre...

Inspiração. Palavra que naquele momento parecia nunca ter existido em todas as minhas vidas possíveis. Sentia-me como se ela tivesse me abandonado para sempre. E justo ali, na varanda da minha casa, em frente ao mar. Um mar que parecia namorar a lua e as estrelas daquele céu todas as noites. Acho que nunca mais vou me esquecer daquela noite; a noite em que minha inspiração me disse adeus.

Leomir Santana
Enviado por Leomir Santana em 01/05/2013
Reeditado em 01/05/2013
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