As Marias de minha vida
Duas marcaram-me bastante o meu viver. Uma, quando eu era criança. Era enfermeira da Cruz Vermelha e perdera o filho na Segunda Guerra Mundial. Tratava-a com carinho, pois apesar de pequenina, parecia que eu assimilara aquela dor horrrível de se ter perdido um filho tão barbaramente. Eu a admirava muito quanto ela a mim . Dizia-me que era minha mãe adotiva. Papai encorajava-me a manter aquele relacionamento tão lindo. Fiz muita companhia a ela. Dela recebi vários ensinamentos referentes à medicina que estavam a seu alcance. Mamãe Idinha, minha mãe biológica, também admirava minha mãe adotiva e lhe tinha um carinho especial, porque tinha a mesma idade do filho que ela perdera na guerra.
Quando adolescente, minha alergia respiratória evoluiu muito e eu passava muito mal com falta de ar. Foi dela que ouvi as palavras: - Essa menina tem asma. Asma? O que seria aquilo? Você, mamãe Maria, abriu os olhos de minha mãe para que me levasse ao médico e, prontamente, comecei tratamento com vacinas imunoterápicas que eram aplicadas por você.
Todo dia comemorativo das mães, eu lhe escrevia um cartãozinho e lhe oferecia um presente escolhido a dedo. Mamãe não sentia ciúme porque também era bastante homenageada por mim. Papai corrigia os cartõezinhos que escrevia, se, por ventura, houvesse erros.
Casei, mas nem a distância me afastou de Maria. Não havia computador, mas trocavámos missivas carinhosas.
Um dia mamãe Maria partiu desta vida. Serena e boa como sempre foi. Os anos passaram e Deus me colocou outra Maria em meu caminho. Já bem mais velha e ainda com mamãe Idinha viva, fui acariciada pela boa baiana Maria que me fazia mil vontades. Preparava quitutes maravilhosos para mim. Era mestra em tudo que fazia. Era "a artista" com seus bordados de renda. Inigualável nessa arte. Adorava tomar café da tarde com ela, saboreando a gostosa tapioca feita por suas mãos de afago.
Um dia perdi minha mãe biológica. A dor maior que senti na minha vida. Mas, Maria, a baiana, tornou-se minha mãe adotiva. A carência agora era minha, não a de Maria que tinha seus filhos à sua volta.
Mimei-a e ela a mim. Já me sentia irmã da prole maravilhosa daquela mainha querida.
Certa vez, em meu aniversário, ela presenteou-me com linda toalha de mesa bordada, feita por suas mãos de fada e disse-me que era para que sempre lembrasse dela quando de sua partida. Um pouco mais tarde isso aconteceu...
Estamos no mês de maio, o mês de Maria. Lembro- me das duas com muita saudade e toda vez que deposito uma rosa no túmulo de minha mãe. Materializo também o amor às Marias que um dia fizeram parte de minha vida.
Duas marcaram-me bastante o meu viver. Uma, quando eu era criança. Era enfermeira da Cruz Vermelha e perdera o filho na Segunda Guerra Mundial. Tratava-a com carinho, pois apesar de pequenina, parecia que eu assimilara aquela dor horrrível de se ter perdido um filho tão barbaramente. Eu a admirava muito quanto ela a mim . Dizia-me que era minha mãe adotiva. Papai encorajava-me a manter aquele relacionamento tão lindo. Fiz muita companhia a ela. Dela recebi vários ensinamentos referentes à medicina que estavam a seu alcance. Mamãe Idinha, minha mãe biológica, também admirava minha mãe adotiva e lhe tinha um carinho especial, porque tinha a mesma idade do filho que ela perdera na guerra.
Quando adolescente, minha alergia respiratória evoluiu muito e eu passava muito mal com falta de ar. Foi dela que ouvi as palavras: - Essa menina tem asma. Asma? O que seria aquilo? Você, mamãe Maria, abriu os olhos de minha mãe para que me levasse ao médico e, prontamente, comecei tratamento com vacinas imunoterápicas que eram aplicadas por você.
Todo dia comemorativo das mães, eu lhe escrevia um cartãozinho e lhe oferecia um presente escolhido a dedo. Mamãe não sentia ciúme porque também era bastante homenageada por mim. Papai corrigia os cartõezinhos que escrevia, se, por ventura, houvesse erros.
Casei, mas nem a distância me afastou de Maria. Não havia computador, mas trocavámos missivas carinhosas.
Um dia mamãe Maria partiu desta vida. Serena e boa como sempre foi. Os anos passaram e Deus me colocou outra Maria em meu caminho. Já bem mais velha e ainda com mamãe Idinha viva, fui acariciada pela boa baiana Maria que me fazia mil vontades. Preparava quitutes maravilhosos para mim. Era mestra em tudo que fazia. Era "a artista" com seus bordados de renda. Inigualável nessa arte. Adorava tomar café da tarde com ela, saboreando a gostosa tapioca feita por suas mãos de afago.
Um dia perdi minha mãe biológica. A dor maior que senti na minha vida. Mas, Maria, a baiana, tornou-se minha mãe adotiva. A carência agora era minha, não a de Maria que tinha seus filhos à sua volta.
Mimei-a e ela a mim. Já me sentia irmã da prole maravilhosa daquela mainha querida.
Certa vez, em meu aniversário, ela presenteou-me com linda toalha de mesa bordada, feita por suas mãos de fada e disse-me que era para que sempre lembrasse dela quando de sua partida. Um pouco mais tarde isso aconteceu...
Estamos no mês de maio, o mês de Maria. Lembro- me das duas com muita saudade e toda vez que deposito uma rosa no túmulo de minha mãe. Materializo também o amor às Marias que um dia fizeram parte de minha vida.