NEM SEI O QUE DIZER...

Nem sei o que dizer.

Mas o grande problema é que sempre vezes sabemos, mas temos medo, vergonha, tantas coisas, que acabamos não dizendo. Sempre sabemos por que logo nos passam mil ideias, palavras, sugestões e respostas. Mas sempre as calamos. Calamos por comodidade ou medo porque arriscar alguma coisa pode ser perigoso. Nada dizemos por medo de como seremos julgados porque já estamos nos julgando antes, e sempre, de maneira injusta. E aos outros também.

E como acreditamos no ditado de que em boca fechada não entra mosca... Cala-te boca!

E assim deixamos de colocar as grandes verdades, de dizer dos grandes desejos, e falar dos melhores sonhos. Por que... O que será que irão entender, ou como seremos julgados. Mas assim, também assumimos nossa incapacidade de nos fazermos entender. De explicar o que quisemos dizer se a outra parte não entendeu. Mas esquecemos de que por nada dizermos, nem explicarmos, assumimos a culpa e temos nossa própria condenação.

Nem sei o que dizer, nada mais é do que uma desculpa fraca e bisonha do “me deixa fora disso!” ou “tenho medo de acreditar!” e mais adiante ainda, “pelo sim pelo não, fico na minha!”.

Nem sei o que dizer também cai direitinho no colo da probabilidade de nossa incapacidade de pensar, raciocinar, e tomar decisões. Mas isto nós jamais seríamos capazes de aceitar ou assumir. Mas ora. Se nem sabemos o que dizer, como queremos que nos vejam? Simplesmente como pessoas que como diz um antigo ditado, “nem cheiram nem fedem”. Para os mais modernos, os eternos “encima do muro”. Ali, enquanto a vida passa a dois metros se muito de seus pés.

Muito fácil depois também soltar o “Nem sei o que dizer.”.

Quando descobrirmos, quem sabe, já será tarde demais. E aí repetiremos o mais fácil e omisso de todos os jargões.

Nem sei o que dizer.

Antonio Jorge Rettenmaier, Cronista, Escritor e Palestrante. Esta crônica está em mais de cem jornais impressos e eletrônicos no Brasil e exterior. Contatos, ajrs010@gmail.com