Diário de Sonhos - #022: Aquele que dorme, mas que tudo vê
Hoje sonhei várias coisas desconexas, mas consigo me lembrar somente de um sonho mais ou menos linear.
Eu sonhei...
Sonhei que estava de volta ao colégio. Mas agora eu não era mais um aluno, e sim um funcionário. Era alguma data comemorativa, pois a escola estava cheia de música. Eu estava vagando pelos corredores e cheguei até uma espécie de sacada em semi-círculo. Havia uma senhora ali. Ela virou e me encarou. Seu rosto era expressivo e mais parecia uma carranca, usava um coque, óculos de bibliotecária e um longo vestido cinzento. Alguém tocou em meu ombro. Era meu tio Denis. Ele disse que queria algumas amoras pra fazer suco. Levei ele até um jardim onde havia amoras gigantescas. Deixei ele e voltei à sacada. A senhora havia sumido. Ao lado da sacada havia uma porta que levava a uma biblioteca. Entrei. Era um ambiente escuro e depressivo, meio assustador até. A senhora veio até mim e conversamos alguma coisa sobre demônios antigos ou coisa assim. Da escuridão alguém disse "Não é não!". Veio até mim uma enorme lagosta, quase do meu tamanho. Conversamos algum tempo. Não lembro o que eu disse, mas a lagosta se irritou e me atacou, fazendo um enorme buraco na minha mão. O sangue jorrava sem parar, pedi ajuda mas a senhora tomou distância e praguejou contra mim. Eu disse "por favor, eu não tenho culpa de amar alguém que bebe e se droga!". A lagosta me fez um curativo e pediu desculpas. Disse que não foi ela quem me atacou, mas Ele. "Ele? Quem é Ele?". A lagosta se contorceu, disse que não podia falar. Era como se estivesse sendo torcida por uma mão invisível. Disse que eu fui um idiota por falar meu nome, agora Ele sabe quem eu sou. Ele dorme profundamente no fundo do oceano, mas nada escapa de sua visão. Sua mão está sobre a escola e somente ali Ele tem poder atualmente. A lagosta disse que não importava pra onde eu fugisse, em breve Ele me alcançaria.
Agora estou no fundo do mar. Está tudo tão escuro que só consigo ver os contornos da paisagem. E o silêncio esmagador. Não consigo me mexer. Atrás de mim ouço bem ao longe a respiração de algum tipo de fera. Não posso me virar.
Trinta de abril de dois mil e treze.