Garota de Programas ou Prostituta?

Garotas de programas dizem que não devem ser consideradas prostitutas, pois elas podem escolher os clientes, não moram em bordéis, são graduadas, tem etiqueta, são prendadas, nem sempre tem gigolôs controlando a suas carreiras e vivem infiltradas na sociedade, inclusive podendo se tornar esposas de deputados, senadores, donos de TVs, empresários ou outras autoridades importantes.

Atrizes pornôs também não admitem ser confundidas com prostitutas, segundo elas, atrizes pornôs só representam - mesmo depois da declaração bombástica da estonteante Regininha Poltergeist: "Para não sentir nada num filme pornô, só se fôssemos robôs."

Com esse pensamento a recém-formada em Letras, Gabriela Natália da Silva de codinome ou nome de guerra, Lola Bevenutti, tornou-se Garota de Programas e mantém um blog relatando suas experiências com clientes.

Ela tem o corpo tatuado com frases de Guimarães Rosa e Manuel Bandeira, adotou como pseudônimo um nome que faz referência a um personagem do escritor russo Vladimir Nabokov e assume, sem problemas, ser garota de programas, mas não prostituta. Ela afirma de peito aberto; faço porque gosto!

Ela escreve contos baseados nas experiências com seus clientes e chama a atenção ao tentar quebrar o tabu do sexo. Afirma sem rodeios ou constrangimentos gostar de sexo e que sempre teve o desejo secreto de trabalhar com isso.

Apesar de ser uma profissional do sexo, Gabriela não desistiu de seguir carreira acadêmica ou dar aulas após a conclusão do curso de letras. “Também quero dar aula, mas por hobby, e, além disso, também tem a questão financeira, porque dando aula hoje você quase não se sustenta”, analisou. “Acho que as duas coisas são difíceis de casar, é muito difícil que uma escola que sabe o que eu faço me permita trabalhar com eles, vou ter que derrubar barreiras” afirmou a garota.

Ela pretende se mudar para São Paulo, onde vai continuar trabalhando como garota de programas e acumulando um mestrado.

A construção social acerca da prostituição obteve, desde tempos antigos, explicações preconceituosas e discriminatórias.

A função social da prostituição foi explicada como uma forma de equilíbrio sócio-sexual da família, sendo então considerada um "mal necessário", segundo Santo Agostinho; diante da necessidade de liberação dos instintos sexuais masculinos irreprimíveis.

De acordo com ele, se a prostituição fosse suprimida, a sociedade seria corrompida pelo prazer sexual, possibilitando o adultério e a degradação das mulheres. Afirmou o Santo: "Defendo as mulheres perdidas para salvar a honra e a tranquilidade das esposas,” surgindo daí então a necessidade de confinamento das profissionais em casas especiais, confirmando, assim, a expressão de Demóstenes: "As cortesãs, nós as temos para o prazer”.

Partindo dessa premissa a estudante Gabriela Natalia da Silva ou Lola Bevenutti, como queiram, está prestando um serviço de utilidade pública.

Fonte:G1Globo