Diário de Sonhos - #021: Dilúvio
Explico: fiquei sem computador. Sério. Meu último texto data de vários meses atrás. Podia ter escrito nos computadores da faculdade, mas lá não tem a privacidade e aquele cheiro de incenso que me inspira a escrever. Bom, cá estou. Computador novo, sonhos novos. E justo a tempo. Nesse período de ausência não tive muitos sonhos, ou pelo menos não me lembro de nenhum. Há cerca de duas semanas que comecei a sonhar intensamente de novo, então vamos lá.
Eu sonhei...
Primeiro Sonho - Eu Te Amo, Bróder
Sonhei que estava numa espécie de bar ou casa noturna chique. Era noite e eu estava vestido de terninho e chapeu. Alguém disse que o show já ia começar e então eu lembrei que ia tocar guitarra no show do Gerson King Combo, um dos grandes nomes do funk brasileiro. Pensei comigo "se é funk precisa de um pedal de wah wah. O João tem um...". E fiquei desesperado procurando o tal pedal de wah wah pra guitarra. Quando o show estava começando eu finalmente achei e corri pro palco. No meio do caminho encontrei a Lady Gaga. Ela não tinha bem um aspecto humano, mas parecia um monte de quadradinhos recortados de revista e colocados juntos. Perguntei se ela não ia me ver tocar, e me respondeu que não podia, que tinha um show também. Ela colocou a mão no meu ombro e disse "eu te amo, bróder".
Segundo Sonho - Dilúvio
Sonhei que havia uma espécie de dispositivo ou máquina capaz de subir o nível do oceano. O funcionamento era simples: você apertava o botão e o nível do mar subia até poucos metros abaixo da sua posição. Um homem invejoso, que eu não lembro a aparência, roubou o dispositivo de mim. Irado eu construí outro. Esperei que ele levasse seu filho pra passear no parque e subi o nível do mar, matando a criança. Ele também quis vingança, e quando eu levei o meu filho pra passear ele fez o mesmo, matando meu filho. Ficamos subindo o nível do mar sem parar, um tentando matar o outro.
Lembro que no final do sonho estávamos eu e o homem sozinhos no topo de uma montanha. O mundo inteiro era água, um infinito abismo abissal. Chorávamos um no ombro do outro pelo que fizemos e ao mesmo tempo chorávamos de raiva querendo matar um ao outro. Eu não tinha sequer coragem de olhar pra água, e ela estava subindo. Estava a poucos centímetros de nós. O céu estava escuro, caindo a noite. Tinha certeza que ia morrer.
... aí eu acordei.
Vinte e nove de abril de dois mil e treze.