SOU GAY, E DAÍ?
O tema ainda é muito polêmico, mesmo porque a maioria da sociedade não aceita a condição do ser humano ter nascido de forma “diferente”. Embora a mesma sociedade admita “defeitos” como ser ladrão, desonesto, promíscuo e outras mazelas que de fato não afeta somente quem o é, mas todos aqueles que vivem ao redor deste, por exemplo: aquele que rouba o dinheiro público, aquele que usa um meio de comunicação pra fazer extorsão e enriquecer a custa desse crime, todos os cumprimentam e os acha uma boa pessoa.
Dia desses fui solicitado como advogado para resolver um aparente problema familiar. Minha amiga meio que em desespero por não conseguir contornar a situação me perguntou o que ela poderia fazer em virtude de um filho “problemático”. Segundo ela por ser gay parecia revoltado e a todo custo queria lhe atingir. Em conseqüência desses ataques ela não conseguia mais conviver com ele e queria lhe afastar de casa, perguntou então o que ela poderia fazer.
Por sermos amigos tomei a liberdade de dizer que não daria parecer jurídico, mas sim como amigo, melhor ainda, como alguém que de fato se importa com ela. Respondi a seguinte frase para que ela resolvesse o problema: se você quer mesmo resolver a situação, faça o seguinte, chame-o e diga que tem algo muito sério para falar com ele, olhe bem nos olhos dele e diga pra ele que o ama. que não importa o que ele seja, mas que você sempre o amará. Diga mais, que pode existir ex marido, ex esposa, mas ex filho nunca será possível.
Dias depois ela me chamou ao telefone e disse que estava muito grata por minhas palavras, que o filho havia mudado muito e, ambos estavam vivendo uma nova fase em suas vidas. Fiquei feliz, pois mais uma vez pude comprovar que o amor é superior a qualquer situação.
Mas sobre o tema, de ser gay, “ser optante da sexualidade”, no sábado seguinte foi motivo de conversa demorada como meu amigo e conselheiro, um velho mineiro, de setenta e poucos anos que teceu os seguintes comentários: “meu amigo, ninguém opta por ser gay, se nasce gay, e costumo dizer que apesar de não ter prova cabal do meu pensamento, mas que existe três situações daquele que assim nasce: 30%; 50%; 70% e aqueles que de fato assumem essa condição. Explico: os que são 30% passam a vida toda como se não fossem gays, depois de velhos se revelam e chutam o pau da barraca; os de 50% não podem beber, porque logo deixa aflorar o seu verdadeiro eu, normalmente são casados por serem oprimidos pela sociedade, mas uma vez embriagados fazem os trejeitos e muitas vezes se declaram para um amigo; os de 70% na sua maioria são, digamos assim, quase assumidos, gostam das profissões delicadas, são pessoas sensíveis e não costumam muito ligar para o que os outros pensam. Há vezes que assumem e vivem como bem querem. Os assumidos enfrentam a luta desleal, são discriminados, renegados, muitas vezes execrados, mas nunca perdem sua dignidade, são pessoas maravilhosas, na sua maioria são doces e compreensivas de qualquer situação de sofrimento por parte dos seres humanos. Discriminar uma pessoa por ter nascido “diferente” é na minha ótica um crime mais que hediondo, pois o que cada um faz com seu corpo não diz respeito ao outro.”
Mais uma vez pude contemplar a sapiência de um ancião, concordei com ele e disse que muito tenho orgulho de ser seu amigo. Isso é o que diz o velho provérbio espanhol: “viva e deixe o outro viver”.
O tema ainda é muito polêmico, mesmo porque a maioria da sociedade não aceita a condição do ser humano ter nascido de forma “diferente”. Embora a mesma sociedade admita “defeitos” como ser ladrão, desonesto, promíscuo e outras mazelas que de fato não afeta somente quem o é, mas todos aqueles que vivem ao redor deste, por exemplo: aquele que rouba o dinheiro público, aquele que usa um meio de comunicação pra fazer extorsão e enriquecer a custa desse crime, todos os cumprimentam e os acha uma boa pessoa.
Dia desses fui solicitado como advogado para resolver um aparente problema familiar. Minha amiga meio que em desespero por não conseguir contornar a situação me perguntou o que ela poderia fazer em virtude de um filho “problemático”. Segundo ela por ser gay parecia revoltado e a todo custo queria lhe atingir. Em conseqüência desses ataques ela não conseguia mais conviver com ele e queria lhe afastar de casa, perguntou então o que ela poderia fazer.
Por sermos amigos tomei a liberdade de dizer que não daria parecer jurídico, mas sim como amigo, melhor ainda, como alguém que de fato se importa com ela. Respondi a seguinte frase para que ela resolvesse o problema: se você quer mesmo resolver a situação, faça o seguinte, chame-o e diga que tem algo muito sério para falar com ele, olhe bem nos olhos dele e diga pra ele que o ama. que não importa o que ele seja, mas que você sempre o amará. Diga mais, que pode existir ex marido, ex esposa, mas ex filho nunca será possível.
Dias depois ela me chamou ao telefone e disse que estava muito grata por minhas palavras, que o filho havia mudado muito e, ambos estavam vivendo uma nova fase em suas vidas. Fiquei feliz, pois mais uma vez pude comprovar que o amor é superior a qualquer situação.
Mas sobre o tema, de ser gay, “ser optante da sexualidade”, no sábado seguinte foi motivo de conversa demorada como meu amigo e conselheiro, um velho mineiro, de setenta e poucos anos que teceu os seguintes comentários: “meu amigo, ninguém opta por ser gay, se nasce gay, e costumo dizer que apesar de não ter prova cabal do meu pensamento, mas que existe três situações daquele que assim nasce: 30%; 50%; 70% e aqueles que de fato assumem essa condição. Explico: os que são 30% passam a vida toda como se não fossem gays, depois de velhos se revelam e chutam o pau da barraca; os de 50% não podem beber, porque logo deixa aflorar o seu verdadeiro eu, normalmente são casados por serem oprimidos pela sociedade, mas uma vez embriagados fazem os trejeitos e muitas vezes se declaram para um amigo; os de 70% na sua maioria são, digamos assim, quase assumidos, gostam das profissões delicadas, são pessoas sensíveis e não costumam muito ligar para o que os outros pensam. Há vezes que assumem e vivem como bem querem. Os assumidos enfrentam a luta desleal, são discriminados, renegados, muitas vezes execrados, mas nunca perdem sua dignidade, são pessoas maravilhosas, na sua maioria são doces e compreensivas de qualquer situação de sofrimento por parte dos seres humanos. Discriminar uma pessoa por ter nascido “diferente” é na minha ótica um crime mais que hediondo, pois o que cada um faz com seu corpo não diz respeito ao outro.”
Mais uma vez pude contemplar a sapiência de um ancião, concordei com ele e disse que muito tenho orgulho de ser seu amigo. Isso é o que diz o velho provérbio espanhol: “viva e deixe o outro viver”.