“Da-putada e de-putado”
Por Carlos Sena
As palavras, a despeito do que se possa não concordar, são as grandes aliadas dos que escrevem. Nem sempre ao escritor é dada a condição para que seu pensamento seja bem posto num texto e, dessa forma, ele recorre às palavras “subvertidas”, mas que podem lhe proporcionar um entendimento. Exemplo disso pode ser este: “da putada” e “de putado”, ou seja DEPUTADO e DA PUTADA... A gente vive num país democrático ainda carente de “caldo cultural mais sólido” para que as questões da moral e da ética sejam mais praticadas do que o contrário, como temos visto e ouvido. Algo como: nossos parlamentares podem ser chamados “pra-lamentares” – seriam aqueles para quem o nome “deputado” não cai bem, mas “da putada” – pois no geral o que eles fazem é putaria com o nosso voto e em nosso nome, embora a gente fique achando que eles não nos representam. Já os “de-putados” – verdadeiros deputados ficam distantes dos “da putada” apenas por uma letra, mas que faz a grande diferença.
Por isso, quando vejo a imprensa falar dos camelôs, daqueles que vendem produtos falsificados, fico me comendo por dentro. Melhor que fosse "me comendo" por fora, mas é por dentro – viram? A ironia subliminar completa qualquer texto com dose de humor! O humor é fundamental para que se leve o leitor até o final da leitura sem sacrifícios. Não sei se consigo isso, mas é o que busco no que escrevo por diletantismo. Voltando aos produtos falsificados, há produtos mais falsificados do que nossos políticos, especialmente os “da putada”? Pois é. No congresso nacional tá cheio de “produto” falsificado, mas eles estão lá dizendo ao povo o que o povo deve fazer bem na lógica do “façam o que eu digo (em legislação), mas não façam o que eu faço”. O “não faça o que eu faço”, não é cuidado conosco, mas o medo de que o mercado da “putaria” fique tão inflacionado que o que venha a valer seja a honestidade. Mas, ao eleitor compete não fazer trocadilho: não confundir alho com bugalho (bug-alho) nem conhaque de alcatrão com catraca de canhão. Nesse “trocadalho” dum “carilho”, a gente vai vivendo confundido a mentira com a verdade, bem no dilema popular que nos diz “a mentira muitas vezes repetida se torna verdade”... Porque de repente a gente vê tanta putaria virando “dama da alta sociedade” que um dia vai faltar dama para ficar no lugar das putas. Por isso, não basta ser eleitor, mas votar certo. Porque um dia a gente poderá dispor de deputados nas nossas casas legislativas. Os da putada? A gente manda para as putas que os pariu... Como se vê, um texto não perde quando as palavras, mesmo meio chulas são colocadas na hora e no lugar certo. Não sei se consigo, mas tento...