"Cronica da madrugada."
Da Maledicência dos que acham que sabem...
Si se limitassem a vegetar sob o peso dos seus atributos, homens sem ideais escapariam á reprovação e ao elogio. Ninguém é responsável de nascer sem dotes excepcionais...
São bons companheiros, desopilam o fígado durante a caminhada, quem sabe possamos agradecer-lhes os serviços que prestam sem saber; quando renunciam a impor suas rotinas são simples exemplares do rebanho humano, sempre dispostos a oferecer sua lã aos pastores, não fosse à pretensão de que outros marquem o passo ao ritmo dos seus desafinamentos. Detestam aos que não podem á eles se igualar, como se sem asas para se elevarem até aqueles- os maledicentes- decidem rebaixá-los. Os homens de caráter e de boa índole, não sabem envenenar a vida alheia...
A cena alegórica mais profunda, sobre o que descrevo acima podem vê-la em “A Calunia” de Sandro Botticelli. Parece que o artista quis colocar nos lábios da verdade, as palavras que ressoam em seu ressentimento. Mirando o quadro, dá-nos a perceber que a inocência jaz, no centro do quadro intimidada sob o gesto infame da calunia,a inveja a precede e logo depois o engano e a hipocrisia acompanham. Tudo se encaminha á paixões vis e a vitoria do mal. O arrependimento olha de soslaio na direção do extremo oposto, onde esta só e nua a verdade; ela ergue em apelo olhares aos céus e clama por justiça... Midas- o juiz- inclina suas vastas orelhas á ignorância e á suspeita {duvida, desconfia}.
Os medíocres estando mais inclinados á hipocrisia do que ao ódio, preferem a maledicência surda á calunia violenta. Pois é sabido que a calunia, pode levar a sérios interrogatórios e suspensões penais. Neste caso optam pela maledicência cuja infâmia é sutil e covarde. E falando a meia voz em tom de recato, semeiam as sementes de ervas venenosas; são serpentes que se insinuam e suas palavras vértebras articuladas arrastam corpos ao desfiladeiro...
Vertem infâmias em taças transparentes, mas as mãos amáveis que a manejam na forma não são destras na em suas intenções.Não afirmam, insinuam,mentem com espontaneidade, abominam virtudes intimas, destruindo lares...
Ao contrario, há os que arriscam face a face uma injuria, denunciam em voz alta as improbidades, avançam na luta contra as discriminações e levam a bandeira da justiça. Estes não são maledicentes são corajosos que assumem suas responsabilidades sociais de ante de si e do outro.
venusia Pimentel/013