A terceira idade da sétima arte

Há uma diferença culturalmente brutal entre dois estados de uma mesma região: Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Suas semelhanças geográficas são enormes, mas suas diferenças culturais são gritantes.

Umas são bem evidentes, outras, estas que aqui irei falar e que talvez só quem seja Capixaba e more no Rio, ou só quem seja Carioca e more no ES, consigam perceber. Os Capixabas que moram no Rio percebem pela presença, já os Cariocas em terras capixabas percebem pela ausência.

É que aqui no Rio de Janeiro, a classe mais alta da maturidade, ou seja nosso amado futuro, nossos amados e presentes velinhos moradores da Cidade Maravilhosa são grandes admiradores da Sétima Arte. São freqüentadores, freqüentes, dos Cinemas. Principalmente os cinemas que passam filmes estrangeiros, italiano, francês, espanhol ...

Esses Cinemas, como o Estação por exemplo, têm como publico alvo as cabecinhas grisalhas que são os velhinhos mais novos do cinema e os mais velhos com a cabeça toda branquinha. As mulheres em sua maioria Senhoras lindíssimas super bem arrumadas cheirosas e como uma boa vaidade exige, com os cabelos lindamente pintados.

Alguns vão ao Cinema sozinhos, outros com amigos e outros vão com seus companheiros, fruto desses raros e maravilhosos e afetuosos casamentos de longas datas. Sempre muito bem arrumados, esses Senhores e Senhoras, os homens sempre muito bem vestidos e as mulheres cheirosas e super elegantes, um charme que só se vem e (eu acho) que só se tem na terceira idade. Charme dessa Classe que só se chega mesmo aos 65.

Já no ES, essa classe seria mais tímida? Mais recolhida? Mais com funções de avó? Não sei, sei que mesmo sabendo que é uma questão cultural, quando vou ao ES sinto falta dos velhinhos nas salas de Cinema. O que não diminui em nada o conhecimento em outras áreas da terceira idade Capixaba, como pro exemplo o quanto sabem sobre a própria cultura, sobre a importância da panela de barro, sobre plantas medicinais e por ai vai. Mas o que me impressiona nesse publico aqui no Rio e que eles entendem de Cinema como ninguém. Com os poucos Senhores e Senhoras que já conversei nas filas do Cinema ou que já ouvi conversar aprendi muito, com esse maravilhoso Senso critico que possuem sobre minha área. Muitas vezes sou a única ou uma das poucas cabeças coloridas, novas, no cinema acompanhada deles. Acho que chegarei a essa idade assim: Mista, com um conhecimento vasto que aprendi com meu avô sobre as paneleiras capixabas, sobre as plantas medicinais que aprendi com minha avó. E com esse maravilhoso e velho e eterno habito que tenho de ir ao Cinema. E tendo a certeza que sempre o farei. Com a diferença que estarei como esses velhinhos lindos na terceira idade, muito bem acompanhada do meu companheiro velhinho que será fruto desse nosso raro e maravilhoso afetuoso casamento de longa data. E entendo (quase) tudo de Cinema.

Barbara Marques
Enviado por Barbara Marques em 29/04/2013
Reeditado em 29/04/2013
Código do texto: T4264676
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