Placas Continentais
Foi assim que ela me deu um oceano, e sentados cada um na margem de seu continente nos falávamos e gaivotas nos serviam de intérpretes.
Jangadas levavam nossos atritos, com cuidado para que não caíssem no mar e nunca mais nos falássemos; navios levavam nossas operações e aproximavam cargas de mim em você e veleiros, nos contavam a lua, levavam nossas declarações e namorávamos, ou eu sonhava, à luz de velas, em veleiros.
Baleias, contava Jonas, nos mantinham à tona e víamos costados de golfinhos; sereias nos mentiam músicas, mas não nos deixávamos enlevar
Quando levas de tartarugas saiam da areia para a água, eu amarrava mensagens em suas carapaças, esperando elas o oceano cruzar
Luares furavam a água, e víamos o leito marinho, e nós querendo num leito deitar. Eu a amando e ela do outro lado e eu estou do lado de cá.
Ela se pôs à margem de mim e eu fiquei à margem esperando pelo meu amor, placas ainda se soltarão e como jangadas, que não carregam desavenças, e farão com que eu recolha minhas pernas dobradas sobre a margem, esperando que a placa do outro lado venha ao meu lado se atracar, trazendo minha amada