Placas Continentais

Foi assim que ela me deu um oceano, e sentados cada um na margem de seu continente nos falávamos e gaivotas nos serviam de intérpretes.

Jangadas levavam nossos atritos, com cuidado para que não caíssem no mar e nunca mais nos falássemos; navios levavam nossas operações e aproximavam cargas de mim em você e veleiros, nos contavam a lua, levavam nossas declarações e namorávamos, ou eu sonhava, à luz de velas, em veleiros.

Baleias, contava Jonas, nos mantinham à tona e víamos costados de golfinhos; sereias nos mentiam músicas, mas não nos deixávamos enlevar

Quando levas de tartarugas saiam da areia para a água, eu amarrava mensagens em suas carapaças, esperando elas o oceano cruzar

Luares furavam a água, e víamos o leito marinho, e nós querendo num leito deitar. Eu a amando e ela do outro lado e eu estou do lado de cá.

Ela se pôs à margem de mim e eu fiquei à margem esperando pelo meu amor, placas ainda se soltarão e como jangadas, que não carregam desavenças, e farão com que eu recolha minhas pernas dobradas sobre a margem, esperando que a placa do outro lado venha ao meu lado se atracar, trazendo minha amada

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 28/04/2013
Reeditado em 29/04/2013
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