A crise do Sistema Penitenciário...
Muito se tem falado e escrito a respeito da crise no sistema penitenciário. Mas, o sistema ao longo dos anos sempre conviveu com motins, rebeliões, fugas, torturas, mortes, superlotação e, sobrevive no tempo, com extrema carência, falta de pessoal, material e, precariedades. E, onde esta a verdadeira crise? Onde nasce se inicia a verdadeira crise? A crise esta presente em nosso dia a dia. Como não reconhecer diariamente suas diversas faces? Ou não é tortura o que fazem com os aposentados nas filas do INSS, as dificuldades para marcar uma consulta de emergência com médicos especializados? Vejam os corredores dos hospitais, superlotados de pessoas doentes, atiradas sobre macas, quebradas, feridas, estendidas no chão, até que um profissional da saúde os atenda com aparente frieza e praticidade. A superlotação está no trânsito caótico, barulhento, onde ocorrem ofensas, xingamentos, mortes e, quando não surgem as motocicletas em ziguezague por entre os carros ou subindo pelas calçadas. A superlotação está nas vilas, becos, favelas, morros, onde sem água e esgoto, famílias inteiras dormem em uma mesma cama com total promiscuidade. A crise está na pedofilia, na exploração sexual, na corrupção ativa ou passiva. A crise está em nós, que a cada eleição votamos nas mesmas “caras”. Desumano é crise da fome, da falta de emprego, de escolas, professores, segurança e saneamento básico. A crise está no homem, na pessoa, no ser humano, que ouve, comenta, escreve, mas, não toma nenhuma atitude, não faz nada. Quem não reconhece a crise que se encontra o instituto do casamento, quando as pessoas casam indefinidamente, trocam seus parceiros ou os pais, simplesmente abandonam seus filhos, seus lares. A crise está na ganância, na exclusão social, no bullying, no tráfico de drogas, de armas, de bebês. E, onde estão os pais? Os pais estão cada vez mais ausentes, preferindo educar com uma falsa liberalidade, não exigindo dos filhos o respeito, a responsabilidade, o limite do não. Dizem que preso não dá voto. Mas, muitos políticos, estudantes, advogados, juízes, promotores ou doutrinadores, se valem do sistema penitenciário e, de números, estatísticas ou rápidas visitas aos estabelecimentos penais, para escreverem seus artigos, livros, monografias, doutrinas e, a partir daí, ganharem fama, notoriedade. Esse é o sistema penitenciário que a sociedade quer. O sistema penitenciário não está em crise. Ele é a própria crise reconhecida e institucionalizada. Mas, essa crise não acontece sozinha, ela não é solitária. Embora, muitos não queiram ver, ela é apenas o ponto final, é o resultado de uma crise maior, que é a crise em que estamos vivendo atualmente, a crise da sociedade.
Alcibaldo Almeida
23/05/2010